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Cicloturismo na Trilha dos Santos Mártires das Missões ganha potência com placas recicladas

Por 16 de novembro de 2023Cicloturismo, Notícias

Projeto envolve moradores das comunidades ao longo da trilha para que eles se envolvam com o turismo na região

Há um ano, a Trilha dos Santos Mártires das Missões, no Rio Grande do Sul,  aderiu à Rede Brasileira de Trilhas e o cicloturismo foi potencializado na região. Essa força não veio apenas dessa adesão, mas se complementou com uma ação da Associação dos Amigos da Trilha dos Santos Mártires das Missões (AATRISAMM) para reciclar as placas de trânsito caídas pelas estradas, uma forma de reforçar o envolvimento das comunidades ao longo da trilha com o percurso e seus usuários.

A trilha, que contempla lugares históricos por onde passaram missionários jesuítas no século 17, foi criada em 2001 como um caminho de peregrinação a pé. No ano seguinte, surgiu a AATRISAMM e, em 2010, o trajeto passou a ser feito também a cavalo. A bicicleta começou a ter vez em 2017, e de lá para cá o cicloturismo vem se desenvolvendo na região.

Em novembro de 2022, mês que ocorre a anual peregrinação de fiéis aos Santos Mártires das Missões, os caminhantes tiveram a ideia de coletar as placas encontradas pelas estradas e reutilizá-las a seu favor. Como a trilha já estava em processo de sinalização por causa da adesão à Rede Trilhas, essas pranchas de metal poderiam ajudar a sinalizar o percurso e ainda engajar moradores das comunidades no entorno para a viabilização desta ação. Deu certo!

“Reaproveitamos essas placas que estavam sujas, apagadas e tortas com uma nova adesivagem. Fizemos uma vaquinha e contamos com o trabalho voluntário nas comunidades, e cada placa saiu por 60 a 80 reais. Se fôssemos pagar por novas placas, cada uma sairia por uns 400 reais”, conta Cleber Magalhães Tobias, responsável pelo departamento da trilha de bike da AATRISAMM, que explica que as placas foram recolhidas com o consentimento do Departamento Estadual de Trânsito.

A Trilha dos Santos Mártires das Missões já está com a sinalização padrão da Rede Trilhas, com as pegadas pretas sobre fundo amarelo, de ponta a ponta em seus 200 quilômetros de extensão. Já essas placas recolhidas nas estradas e recicladas estão sendo instaladas nas comunidades, e levam o nome delas na adesivagem como forma de reforçar o pertencimento àquele caminho.

“Com as placas, as comunidades ganham identificação com a trilha, que passa por oito cidades e cada uma tem de duas a três comunidades. Elas estão sendo instaladas nos lugares que nos recebem para alimentação e pernoite como escolas, igrejas, centros comunitários e nos CTGs (Centros de Tradição Gaúcha)”, diz Tobias, que conta, até agora, cerca de 15 placas restauradas.

O trabalho da AATRISAMM com as comunidades, aliás, vem desde o seu início, com a realização de palestras, plantio de árvores e outras ações de caráter histórico e ambiental. Mas Tobias reconhece que ainda tem algumas fragilidades nessa relação, por isso a associação está fazendo uma parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente para um programa de capacitação com os moradores para receberem os cicloturistas.

“O que queremos é que as comunidades entendam que fazem parte da trilha. Graças à bike, desenvolvemos o turismo dentro da trilha, que pode ser muito benéfico para as comunidades. Ainda estamos em processo, buscando dentro da Rede Trilhas o suporte técnico para melhorar a trilha. E com as placas e a sinalização, a tendência do cicloturismo é só aumentar”, finaliza Tobias.

SERVIÇO

  • Trilha dos Santos Mártires das Missões
  • Início: Passo do Padre (São Nicolau/RS)
  • Chegada: Santuário do Caaró (Caibaté/RS)
  • Percurso total: 200 km
  • Altimetria acumulada: 2.600 m
  • Entidade gestora: Associação dos Amigos da Trilha dos Santos Mártires das Missões (AATRISAMM)
  • Informações: Instagram @trilhadossantosmartires
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Paulo Cabral

Paulo Cabral é jornalista formado pela Universidade de Brasília com anos de experiência em rádio, TV e revistas. Ciclista de passeio, acredita na bicicleta como forma de ocupação sustentável e democrática das cidades.

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