As aventuras de Luiz Thunderbird em cima da bicicleta
O músico e apresentador se tornou um dos maiores entusiastas do ciclismo em São Paulo
Pedalar por São Paulo é se dar a oportunidade de ver a cidade por outros ângulos e por outras perspectivas, é interagir com a mobilidade urbana, é exercitar a liberdade de ir e vir, é encontrar pessoas que estão na mesma vibe sobre um selim. E não estranhe se um dia topar com Luiz Thunderbird e sua bicicleta pela capital paulista. Músico da banda Devotos de Nossa Senhora Aparecida, apresentador, escritor, radialista, Thunder é da turma que vem fazendo da bike uma extensão da vida.
A primeira bicicleta de Thunder chegou no Natal, quando ele tinha 8 anos. Era uma Monareta, modelo clássico da Monark que fazia a festa da criançada na época. “Caí no primeiro dia, me esfolei todo. Mas voltei a subir nela no dia seguinte, caí outras vezes, e usei a bicicleta por uns quatro anos, até ela desmanchar”, conta. Aí veio a adolescência e com ela o gosto pela música. Nos anos 1980, no entanto, a necessidade de uma atividade física o fez comprar uma Peugeot usada, que deveria ter marcha mas veio sem, que foi revendida logo depois.
Eis que vem o auge da MTV no Brasil e Thunder se consagrou como um dos primeiros VJs da emissora musical. Só que a empresa, involuntariamente, reacendeu o seu gosto pelo pedal ao dar de presente para cada funcionário uma Caloi 100 em 2001. Com essa bike mais potente, ele descobriu o prazer da velocidade, investiu em uma Caloi Strada e ficou mais dois anos tentando se acostumar com o trânsito, as calçadas estreitas e as ladeiras do bairro onde morava, Morumbi. Desanimou e doou a bicicleta.
Em 2010, morando no Paraíso, voltou à Caloi 100 para pedalar ali perto, no Parque do Ibirapuera. Foi quando conheceu Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike, que o incentivou a investir numa Caloi Easy Rider e o chamou para um pedal mais prolongado. “Não saí mais de cima da bicicleta. Meu carro ficou tão sem uso que até arriou a bateria”, lembra Thunder, que passou a se dedicar a vencer limites e batia os 30 quilômetros com orgulho e diversão.
Foi nessa época, inclusive, e com Guth ao lado, que Thunder pegou pela primeira vez uma estrada de bike e desceu para Santos. “Foi uma aventura inesquecível, cada um com uma Easy Rider. Voltamos de ônibus e no Jabaquara subimos de novo na bicicleta e cada um foi para sua casa”, conta.
Mas foi só em 2019, na terceira tentativa de parar de fumar, que Thunder passou a se dedicar com mais afinco à bicicleta. Neto de piloto de corridas automobilísticas em Interlagos, sempre foi apaixonado por carros e Fórmula 1, mas isso não o impediu de desenvolver a paixão pelo pedal, nem que para isso fosse preciso enfrentar a pandemia da Covid.
“Fiquei uns três ou quatro meses trancado em casa, até que resolvi sair para pedalar. Parecia um astronauta pedalante, com máscara, capacete, luvas, e fazia longos passeios de 60, 70 quilômetros”.
A retomada valeu a pena e hoje Thunder bate os 100 quilômetros em seus passeios dominicais. Para quem chegou a ter três carros – o último foi vendido em 2021 -, o pedal já se tornou um hábito. Adepto das ciclofaixas e ciclovias, tornou-se um entusiasta do pedal em São Paulo e está sempre presente quando há uma batalha para melhorar o sistema ciclístico na cidade. “Minha briga atual é por um acesso decente para chegar de bicicleta na pista oeste da Marginal Pinheiros. Aquela escadaria ali não dá”, declara ele, que, no balanço geral, bate palmas para os avanços que a bike vem conquistando na capital paulista.
“É uma série de acontecimentos que favorecem a bike. O paulistano está aprendendo a lidar com a diversidade. O pedal de domingo já virou programa de paulistano”, conclui.
Confira um dos registros que o Thunder adora fazer e siga ele pelas redes sociais para acompanhar suas aventuras com a bicicleta!
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