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Como a impressão 3D está modificando o mercado de bicicleta

Por 27 de setembro de 2023Indústria, Notícias

De pequenos produtores a grandes marcas, a tecnologia 3D já está a serviço de todos

A impressão 3D já é uma realidade na indústria da bicicleta, mas ainda está longe o dia em que alguém vai imprimir em casa a sua própria bike. O que está acontecendo é que pequenas empresas estão se valendo dessa tecnologia para criar peças exclusivas para bicicletas de alto valor agregado ou, em maior escala, a preço de mercado e menos sofisticadas.

As grandes marcas, além de consumirem algumas peças impressas em suas bikes, também estão na onda do 3D para criarem seus protótipos, ganhando tempo para colocar seu novo produto em teste. Com a tecnologia, as empresas podem afinar seus itens em desenvolvimento na tela do computador antes de ganharem forma via impressora, numa operação mais econômica que a tradicional em que materiais e ferramentas encarecem o processo.

“Todas as empresas estão usando o 3D para fazer seus protótipos”, conta Rafael Metzger, do site Weight Weenies Brasil. “A maioria delas não tem impressora grande, elas produzem os pedaços e depois colam tudo”, completa.

Do selim ao quadro 3D

Mas se tem um componente produzido em impressão 3D já consolidado no mercado é o selim, que está sendo fabricado em larga escala e vendido para as grandes montadoras de bicicletas. A vantagem da tecnologia nesse caso é o conforto e a resistência que a peça impressa atinge, com a forma de colmeia da espuma favorecendo o controle da pressão sobre o assento.

Por outro lado, imprimir um quadro de bicicleta em 3D ainda é um desafio. “As tentativas com carbono não chegaram num formato ideal e é mais fácil fabricar na prensa tradicional”, diz Rafael.

Já quando o material usado para a impressão foi o alumínio, o resultado foi um recorde obtido pelo italiano Filippo Ganna no ano passado, no contra relógio em Grenchen, Suíça. Ele usou uma Pinarello fabricada sob medida, com quadro e guidão impressos em 3D, que lhe rendeu a marca de 56,792 km em 60 minutos no velódromo Tissot.

“Essa bicicleta da Pinarello é inacessível, se fosse fabricada seria a bicicleta mais cara do mundo”, avalia Rafael. Com o quadro de liga de escândio, alumínio e magnésio, projetada especificamente para impressão 3D, e guidão impresso em titânio, essa bike foi avaliada em cerca de 60 mil euros (quase 312 mil reais).

“A bike mais desejada do mundo”

O titânio, por sua vez, vem fazendo sucesso em sua utilização na impressão 3D, tanto que para Rafael Metzger, a “bike mais desejada do mundo” é impressa em parte com essa matéria prima. Ela já é uma realidade, produzida pela australiana Bastion, e é totalmente personalizada.

O próprio Rafael se lançou nessa aventura de ter uma “bike mais desejada do mundo” há 18 meses, quando entrou em contato com a Bastion e passou todas as suas medidas para a empresa. “Escolhi cada milímetro quadrado da bicicleta e só agora é que ela vai começar a ser produzida. Ela foi projetada para ser eficiente no meu bike fit”, conta ele, que desembolsou pelo quadro 15 mil dólares australianos (cerca de 47 mil reais).

A personalização com melhores resultados no desempenho é o que vem movimentando a impressão 3D no mercado de bicicletas de alto rendimento. Mas como essa tecnologia também está sendo usada por pequenas empresas para fabricar peças e acessórios mais simples, a tendência é que essas impressoras se popularizem.

“O mercado do 3D é crescente. Tem as opções caseiras para criar e customizar peças que não existem no mercado. Tenho certeza que essa indústria vai se popularizar porque a customização está em alta no mundo todo”, aposta Rafael.

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Paulo Cabral

Paulo Cabral é jornalista formado pela Universidade de Brasília com anos de experiência em rádio, TV e revistas. Ciclista de passeio, acredita na bicicleta como forma de ocupação sustentável e democrática das cidades.

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