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Como o sistema de transmissão de marchas 1x vem sendo usado no ciclismo de estrada

Por 9 de agosto de 2023Esporte, Indústria, Notícias

A tecnologia na modalidade ganhou atenção após ser utilizada pelo campeão do Tour de France, Jonas Vingegaard

Praticamente exclusivo do mountain bike, o sistema de transmissão de marchas 1x (coroa única) vem expandindo sua utilidade para as provas de estrada. Pelo menos é o que pode ser observado no Campeonato Mundial que acontece em Glasgow, na Escócia, e em outras competições de peso como a Milão-SanRemo, a Paris-Roubaix e a icônica Tour de France.

Será que agora pega? O que se pode dizer é que as adesões à relação 1x fora do MTB chamaram a atenção, assim como o bom desempenho dos atletas que a usaram. Em março, o belga Wout van Aert garantiu o bronze com coroa única na Milão-San Remo. E no Tour de France, no mês passado, tanto Van Aert quanto seu colega dinamarquês de Jumbo-Visma, o campeão Jonas Vingegaard, se valeram de 1x em algumas etapas da competição.

Além da Jumbo-Visma, que adotou o 1x no início e no final do Tour de France, o também dinamarquês Mads Pedersen, da Lidl-Trek, venceu a etapa 8 com esse sistema. O que essas duas equipes têm em comum? Ambas são patrocinadas pela SRAM, mas a opção pela tecnologia foi dos atletas e não da marca.

Foi a SRAM, aliás, que em 2012 mudou o cenário do MTB com o sistema 1x, logo seguida por outras marcas. Mas só ela, até agora, tem oferecido essa tecnologia para as competições de estrada.

“No caso do mountain bike, onde você tem muita lama, o câmbio dianteiro era um motivo de fragilidade, a corrente podia quebrar numa troca de marchas mais forte ou em condições climáticas mais duras. Esse foi o princípio da mudança. Na estrada, com o sistema de uma coroa você limita o quão leve pode ir numa subida e o quão rápido pode ir numa descida, por isso não se usava o 1x”, analisa o ciclista brasileiro Nicolas Sessler, que está em Glasgow pela equipe Global 6 Cycling.

E foi o próprio Nicolas quem observou o uso do 1x nas provas de estrada do Mundial 2023. “A gente tem visto alguns ciclistas utilizarem em condições muito específicas o sistema de uma coroa, quando sabem mais ou menos as marchas que vão precisar utilizar, e optam por esse caminho. Por que? Porque realmente você tira um pouquinho de peso da bicicleta, o sistema fica mais limpo, e basicamente você não tem que se preocupar em trocar a marcha ali na frente na hora que está competindo.”

Nicolas ressalta ainda que a simplicidade do sistema de uma coroa faz com que a corrente fique mais firme e forte sem precisar passar pelas dobras da troca de marcha. Mas essa segurança vem sendo aprimorada nos últimos anos, pois até 2018 as tentativas da tecnologia 1x na estrada frustraram seus pilotos.

Segundo o técnico de corrida da SRAM, Sam Watt, atualmente a coroa única para bicicleta de estrada é reprojetada, mais estreita, para garantir a firmeza e limitando o balanço lateral da corrente. Além disso, uma guia usada como proteção evita falhas e o câmbio traseiro vem com um sistema de embreagem que mantém a tensão da corrente.

Voltando à questão sobre a tendência do sistema 1x no ciclismo de estrada, talvez ainda seja cedo para dizer que essa tecnologia veio para ficar na modalidade. Mas o fato é que atletas estão testando cada vez mais a coroa única e tendo bons resultados, além da indústria, que não abre mão de boas soluções já consolidadas em outras modalidades, melhorando cada dia mais a qualidade e a confiança das tecnologias nos componentes. Portanto, mais ciclistas e bikes de coroa única devem aparecer nas provas de ciclismo de estrada e contrarrelógio.

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Paulo Cabral

Paulo Cabral é jornalista formado pela Universidade de Brasília com anos de experiência em rádio, TV e revistas. Ciclista de passeio, acredita na bicicleta como forma de ocupação sustentável e democrática das cidades.

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