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Gravel vira modalidade esportiva, nicho de mercado e conquista cada dia mais adeptos

6 de outubro de 2023

Começa hoje o Campeonato Mundial de Gravel 2023, na região do Vêneto, na Itália. Por entre as colinas Conegliano e Valdobbiadene e o leito do rio Piave, 336 atletas de elite (sendo 224 masculina e 112 feminina) vindos de 44 países, vão pedalar em busca do título máximo desta modalidade, que como diz o site da competição, é a mais jovem, a da moda e a mais espetacular.

No ano passado, a mesma prova atraiu um total de 140 atletas (41 mulheres e 99 homens). Esse aumento de participação é um reflexo do que acontece no universo do Gravel, uma categoria que nasceu há pouco mais de dez anos e já virou modalidade esportiva, nicho de mercado e vem ganhando cada vez mais adeptos.

No Brasil, o solo é particularmente fértil para esta prática, afinal o que não faltam em todas as regiões do país são as longas estradas de terra batida em meio a natureza e que se mesclam com terrenos acidentados. Além disso, a prática também crescente do cicloturismo vai ao encontro da versatilidade do Gravel.

Para Luis Felipe Parça, country manager da Trek no Brasil, o Gravel trouxe mais motivos legais para se pedalar uma bicicleta. “Ela tem uma versatilidade enorme, o Brasil possui excelentes locais para esta prática e há muita gente que gosta de estar em contato com a natureza com um pouquinho de velocidade. Vejo um futuro promissor para o Gravel”, diz ele.

Na Pesquisa Anual de Comércio Varejista 2022, realizada pela Aliança Bike, a oferta de produtos Gravel nas bike shops começou a aparecer recentemente e já são 33% das lojas que afirmaram possuir itens dessa modalidade à venda.

Na indústria a tendência também vem se firmando. Muitas marcas têm investido no desenvolvimento de componentes e modelos especialmente para esta categoria. “Começamos há alguns anos a desenvolver modelos de bicicleta Gravel e isso acabou influenciando também toda a cadeia produtiva”, explica André Souto Maior, da Soul Cycles. “Temos hoje a oferta de produtos de muita qualidade.”

Para ele, o sucesso da modalidade está muito relacionado ao fato de o Gravel unir o melhor de dois mundos. “Ela surge a partir de duas modalidades que estavam, de certa forma, engessadas e a presença, na outra ponta, de ciclistas que querem sair pedalando para todos os lados, sem estar fixado a um tipo de terreno ou prática esportiva”, diz André. “O resultado é esse produto sensacional que vem para revolucionar o mercado.”

E o esporte também! O presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo, José Luiz Vasconcellos, acredita que a modalidade deve continuar crescendo muito nos próximos anos e lembra que várias outras disciplinas não olímpicas começaram da mesma forma que o Gravel.

“Creio que o sucesso dessa modalidade é por reunir em sua grande maioria atletas das duas disciplinas com mais praticantes dentro do ciclismo, que são o Mountain Bike e o Ciclismo de Estrada”, diz ele. “Além disso, é uma disciplina nova e isso também atrai adeptos, principalmente por existir a possibilidade de reunir atletas profissionais e amadores em uma mesma prova.”

Por ser uma disciplina ainda em desenvolvimento, ainda é difícil encontrar atletas exclusivos. Em geral, segundo Vasconcellos, os ciclistas que competem no Brasil vem do MTB ou da Estrada. Como é o caso de Flavia Oliveira, a única atleta a representar o Brasil no Mundial de Gravel. Flavia tem destaque no ciclismo de Estrada e conseguiu o maior feito para o ciclismo nacional ao conquistar a 7ª colocação na Prova Olímpica de ciclismo de estrada em 2016. Estamos torcendo pela Flavia e pelo futuro do Gravel!

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Adriana Marmo

Sou jornalista, formada em Comunicação Social com habilitação em jornalismo na PUC de Campinas, conclusão em 1989. Há oito anos troquei o carro pela bicicleta como meio de transporte e, desde então, sou ativista da causa e me especializei em mobilidade urbana

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