Edu Ramires, o colecionador de vitórias

Multicampeão no ciclismo segue sua trajetória à frente da Squadra Oggi, com Raiza Goulão e José Gabriel

Edu Ramires, 59 anos, é um dos nomes mais importantes do ciclismo brasileiro. Sua história é marcada pelo pioneirismo e repleta de vitórias e muitos títulos, conquistados no Brasil e no exterior, em competições do BMX e MTB. Atualmente, toda a sua experiência está a serviço da Squadra Oggi, da qual é diretor técnico e tem, entre as suas funções, orientar os atletas profissionais de MTB Cross-Country Olímpico e Maratona da equipe.

O trabalho começou há três anos e os frutos estão sendo colhidos em abundância, a prova são as sucessivas vitórias que a equipe vem somando. Raiza Goulão chegou na metade de março com seis corridas, realizadas em três provas distintas, e seis vitórias. E em abril ainda venceu a Copa Internacional de Mountain Bike, em Araxá. José Gabriel não foi diferente: venceu no Cross Country Olímpico do Internacional Estrada Real na etapa de Itabirito, o XCC do Desafio dos Gigantes Internacional e foi o segundo na Copa Internacional de Mountain Bike, chegando atrás de Henrique Avancini.

Edu está feliz com os resultados, mas não faz rodeios para dizer qual é a meta do ano: ranking olímpico. Raiza Goulão está quase lá, apesar de ter ficado com o bronze no Pan Americano de MTB no último final de semana, na cidade de Congonhas (MG). José Gabriel é também um forte candidato a conquistar a segunda vaga olímpica masculina do país. A primeira já está com Henrique Avancini.

Para Ramires é um conjunto de fatores que justificam os bons resultados. A começar pela estrutura que a equipe oferece e que acaba trazendo tranquilidade para o atleta se desenvolver. Raiza Goulão concorda com Ramires, mas acrescenta que a presença do “tio” é o que faz a maior diferença. Sim, entre os atletas Ramires é carinhosamente chamado de tio! “Ele já vivenciou muita coisa e essa experiência é fundamental para nos ajudar a ter foco nos treinos, serenidade e paciência”, diz ela. “Nossas conversas são muito abertas e produtivas e ele está sempre correndo atrás de melhorar a nossa situação.”

“Na experiência adquirida em anos de competição, apurei percepção de vários aspectos. É com esse olhar que a gente vai lapidando o tipo de treinamento, a forma de trabalhar, a nutrição, o descanso e, principalmente, a dinâmica de competição”, diz ele, que não tem a função de treinador, mas ocupa-se da logística da equipe e, claro, consultoria aos atletas do treinamento físico, emocional, psicológico e, principalmente, nos dias da prova. “É um trabalho de observação, faço muitas avaliações e consigo questionar a ponto de fazer mudanças.”

Ramires conta que sente-se completamente realizado com a sua carreira de atleta. “Fiz o possível dentro das condições que tinha”, diz ele. “Tive excelentes treinadores, mas nunca tive orientações a fundo.” É justamente o que faltou de informação, experiência e orientação na época que ele procura passar aos atletas da equipe. No entanto, ele não nega aquela pontinha de frustração por não ter participado de uma Olimpíada como atleta. Tanto o BMX quanto o MTB não faziam parte dos jogos nessa época. Mas é pontinha mesmo, afinal pode se realizar participando das Olimpíadas de Pequim, como diretor técnico, na companhia dos atletas Rubens Donizete e Jaqueline Mourão. Estamos todos na torcida para que o feito se repita em 2024 em Paris, porém na companhia de Raiza Goulão e José Gabriel.