Brasil: setembro e outubro têm vendas de bicicletas 64% maiores em comparação ao mesmo período de 2019
Levantamento realizado pela Aliança Bike com dezenas de empresas associadas aponta crescimento constante
As vendas de bicicletas continuam em um ótimo momento no Brasil. Os números dos meses de setembro e outubro de 2020 confirmaram o crescimento constante no país, que vem com dados muito positivos: nos dois meses citados o aumento foi de 64% nas vendas em comparação com o mesmo período de 2019. Estas informações foram registradas pela Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas), em uma pesquisa realizada com mais de 40 empresas associadas à entidade.
Os números registram uma estagnação nas vendas nos últimos meses; comparando com o último mês de agosto, houve uma pequena queda de 3,3%. Esta manutenção dos dados, porém, mostra que o momento para a bicicleta continua extremamente positivo em 2020, como os levantamentos anteriores já mostraram: aumentos de 50% em maio e junho, de 114% em julho e de 93% em agosto.
O mercado de bicicletas, porém, tem tido dificuldades no fornecimento de componentes, especialmente os vindos de países asiáticos – afinal, o “boom” nas vendas de bikes é um fenômeno mundial. Os lojistas estão conseguindo manter o segmento aquecido, mas existem clientes que não estão conseguindo comprar o que querem.
“Já dividi com parceiros de mercado que, se faltar produto para o Natal, não devemos nos lamentar tanto, pois tivemos mais de um mês de Natal nesse ano por conta das vendas. Resumindo, estamos experimentando algo com uma intensidade que não havíamos visto em nossos tempos de mercado, no meu caso, 30 anos”, comenta Daniel Aliperti, fundador e sócio proprietário da Pedal Power Brasil, loja de São Paulo-SP.
A Aliança Bike estima que no início de 2021 a oferta de bicicletas estará ajustada à demanda, especialmente com a normalização da importação e distribuição de componentes. De qualquer forma, o momento continua sendo muito positivo para o mercado.
“O primeiro fator a ser analisado é que todos os fornecedores acabaram vendendo, no primeiro momento da pandemia, tudo o que tinham em estoque. E isso em nível mundial, já que as fábricas, sejam de componentes ou de bicicletas montadas, estão também na sua capacidade máxima lá fora. Hoje falta um pouco de produto no mercado pra abastecer as lojas, mas aos poucos vai se ajustando”, explica Giancarlo Clini, presidente da Aliança Bike.
Demanda da população
O excelente momento vivido pelo mercado de bicicletas pode ser explicado em parte pelo início da pandemia: pedalar tem um baixo risco de contaminação e é uma atividade que pode ser praticada sem companhia. A OMS (Organização Mundial de Saúde), inclusive, estimulou as a prática das pedaladas e, consequentemente, um meio de transporte a ser promovido.
Entretanto, a alta procura e os atrasos nas entregas de componentes para a montagem das bicicletas continuam impactando a capacidade de vendas do setor. Lojistas e distribuidores estão buscando alternativas para lidar com os desafios ocasionados pela alta comercialização.
“A pandemia causou esse efeito na cadeia produtiva e de logística, o que reflete na falta de mercadorias atualmente. A industria prevê que o boom irá durar pelo menos mais um ano e meio e, nesse período, certamente muita coisa irá se regularizar em termos de abastecimento”, explica Aliperti.
Perfil de consumo
Os modelos mais procurados pelos ciclistas do país continuam sendo aas chamadas bicicletas de entrada, com valores que variam entre R$ 800 e R$ 2 mil. Estas são bikes utilizadas com três funções principais de uso urbano: meio de tranporte, prática de atividades físicas e lazer.
A procura por bicicletas intermediárias, com valores entre R$ 2 mil e R$ 5 mil, também cresceu nos meses de setembro e outubro – especialmente as mountain bikes. Este dado apresenta uma mudança no perfil de consumo, mas ainda não é possível confirmar se trata-se de uma tendência para os próximos meses.
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