Giro d’Italia: quem será o sucessor de Tadej Pogacar?
O Giro d’Italia começa nesta sexta-feira (9 de maio) e reunimos as principais informações para você ficar ligado nessa disputa, que se apresenta como “a prova mais dura do mundo, no país mais bonito do mundo”. Depois do domínio absoluto de Tadej Pogacar no ano passado, a disputa pela maglia rosa tende a ser muito emocionante, com Primoz Roglic (Red Bull Bora) despontando com um ligeiro favoritismo.
A largada será inédita. O Giro começa na vizinha Albânia. Depois de muita confusão sobre as garantias financeiras para receber o evento, o pequeno país dos Balcãs terá as três primeiras etapas em seu território. É a 15ª vez que o Giro d’Italia começa fora dos limites italianos. Movimento que se intensificou muito nos anos 2000 como forma de atrair mais investimento e globalizar a marca.

O Trofeu Senza Fine já está na capital albanesa Tirane (Divulgação)
LARGADAS DO GIRO FORA DA ITÁLIA
- 1965 San Marino (República de San Marino)
- 1966 Monte Carlo (Principado de Mônaco)
- 1973 Verviers (Bélgica)
- 1974 Cidade do Vaticano
- 1996 Atenas (Grécia)
- 1998 Nice (França)
- 2002 Groningen (Países Baixos)
- 2006 Seraing (Bélgica)
- 2010 Amsterdã (Países Baixos)
- 2012 Herning (Dinamarca)
- 2014 Belfast (Irlanda do Norte)
- 2016 Apeldoorn (Países Baixos)
- 2018 Jerusalém (Israel)
- 2022 Budapeste (Hungria)
- 2025 Tiranë (Albânia)
PRIMEIROS DIAS
A disputa começa com um dia de percurso misto e meio caótico, com 3 subidas e final na capital Tirana. No dia seguinte, um contrarrelógio individual de 14km. Para fechar, uma etapa sinuosa, com uma longa montanha, porém, ela termina faltando 40km para o final em Vlore, no litoral do Mar Adriático.
Por conta da visita ao país vizinho, em 2025 serão 3 dias de descanso (sempre às segundas-feiras), um a mais do que o habitual. Apesar da Albânia estar pertinho de Alberobello, cidade onde o Giro retoma na 4ª etapa, o deslocamento é por balsa e moroso para toda a caravana.

Alberobello, na região de Puglia, recebeu o Giro em 2017, com vitória de Caleb Ewan (Foto LaPresse – Spada)
DURO, MAS NEM TANTO
O percurso deste ano tem um total de 3.443 km, com 52.350 de subida acumulada. São 10.000m a mais do que no ano passado, entretanto, ainda é menos do que normalmente o Giro propõe. Este ano, a grande volta italiana contará com 38km de Gravel, incluindo as ‘strade bianche’ até Siena. E serão 42km de contrarrelógio. O primeiro na Albânia e um na Toscana, com 28km, na 10ª etapa, marcando a metade da briga pela maglia rosa.
Vai percorrer a parte continental do país quase toda, com visitas rápidas à Eslovênia e ao Vaticano. Passa por belos cenários da Itália, como Puglia, Toscana e o Piemonte. O melhor, como sempre, está guardado para a última semana. Repleta de montanhas.
A mais alta delas, a Cima Coppi, será o Col de la Finestre, com 2.178m de altitue. Lembra do Chris Froome em 2018? A etapa 20 deste ano repetirá a mesma dobradinha Finestre/Sestrière. Torcer para a neve não obrigar mudanças no traçado, pois será o último grande embate antes do circuito final em Roma no domingo, dia 1 de junho. Um dia que o pelotão visitará o Vaticano e renderá homenagens ao Papa Francisco, que pediu a visita do Giro na cidade-estado ainda em vida.

O Col de la Finestre voltará a sentenciar o Giro 2025, desta vez com final da etapa em Sestrière (Foto Fabio Ferrari – LaPresse)
UM FAVORITO COM ASTERISCO
O esloveno Primoz Roglic (Red Bull) é o principal favorito. Sem Pogacar, o atual campeão, o ciclista de 35 anos desponta como o mais forte do start list. Porém, tem sempre contra ele a fama de se envolver em quedas e problemas mecânicos. O susto que ele com a queda da corrente no Giro de 2023 foi um dos pontos mais marcantes daquela edição. Mesmo que ali ele tenha tido um final feliz, pois conseguiu se sagrar campeão.
Ao seu redor, Roglic terá uma equipe poderosa. Com o campeão de 2022, o australiano Jai Hindley e o vice-campeão do ano passao, o colombiano Dani Martinez, como fortes escudeiros. A esquadra conta ainda com o jovem italiano Giulio Pellizzari, que fez uma terceira semana incrível nas montanhas do Giro 24.

Roglic venceu o Giro 2023 e o ano passado se tornou tetracampeão da Vuelta a España (Foto Marco Alpozzi/LaPresse)
UMA ESTRELA COM INTERROGAÇÕES
Um borburinho sem muito sentido diz que ele pode brigar pela maglia rosa. O mais racional, entretanto, é esperar que o belga Wout Van Aert vista a camisa de líder, mas por apenas alguns dias. Será a primeira vez que WVA correrá a grande volta italiana.
Ele já vestiu amarelo no Tour de France e estreou na Vuelta ano passado repetindo o feito. E, de quebra, ganhou três etapas. Porém, caiu e machucou gravemente o joelho. Apesar de já estar competindo, ainda não reencontrei o frescor que viveu na Espanha ano passado. É o objetivo dele nesta prova. E a torcida de muita gente que ama o ciclismo.
Ao seu redor, uma Visma | Lease a Bike muito equilibrada, principalmente, com o velocista Olav Kooij – vencedor de uma etapa no ano passado – e com os escaladores experientes Simon Yates e Wilco Kelderman. Difícil é explicar a ausência do dinamarquês Jonas Vingegaard, que concentrou suas apostas em um embate direto com Pogacar no Tour e na Vuelta.

Van Aert quer voltar a sorrir na Itália, onde conquistou sua única monumento, a Milão-São Remo (Foto LaPresse – Marco Alpozzi)
MUITA GENTE SONHANDO CLIPADO
Pode soar repetitivo, mas a ausência de Tadej Pogacar muda muito o jogo. Muita gente se encheu de esperança para o Giro deste ano. E o resultado pode ser uma disputa muito emocionante e, ao mesmo tempo, imprevisível. Repleta de reviravoltas.
Os italianos, por exemplo, não sobem ao pódio em casa desde 2021. Ganharam apenas uma maglia rosa nas 10 últimas edições. Foi em 2016, com Vincenzo Nibali. Aliás, último ano que um brasileiro correu essa prova foi neste mesmo ano, o catarinense Murilo Fischer.

O espanhol Juan Ayuso é a maior ameaça para Primoz Roglic. Mas tem muita gente na disputa.
Antonio Tiberi e Giulio Ciccone são as principais esperanças tricolores. Mas, em tese, um pódio já estaria de ótimo tamanho para qualquer um dos dois. Brigam com eles os espanhois Juan Ayuso e Mikel Landa, o colombiano Egan Bernal, o canadense Derek Gee, o britânico Tom Pidcock, principalmente. Mas não se surpreendam com reviravoltas e até uma zebra. A promessa é de um Giro aberto e, quem sabe, caótico.
PEQUENO GLOSSÁRIO DO GIRO D’ITALIA
- Troféu Senza Fine: O troféu mais bonito do ciclismo (quiça do esporte). Senza Fini significa “Sem Fim”. Tem aproximadamente 54cm de altura, 20 de diâmetro e pesa cerca de 10kg. Todos os campeões são gravados ao longo da peça feita em cobre e folheada com ouro 18 quilates.
- Maglia Rosa: Desde 1931,o ciclista com menor tempo acumulado veste a maglia rosa. Ela vai mudando de dono ao longo das etapas, porém, o objetivo maior do Giro é chegar com ela ao final do último dia. A cor vem das páginas do jornal Gazzeta dello Sport, um dos criadores da prova.
- Maglia Ciclamino: o nome vem de uma planta (Cyclamen). A cor púrpura veste os mais rápidos ciclistas do Giro, o líder da classificação por pontos.
- Cima Coppi: Muda todos os anos para nomear a montanha com passagem mais alta do percurso. Esse ano será o Col de la Finestre, com 2.178m. [Fausto] Coppi foi um dos maiores ciclistas da história. Campeão de tudo nos anos 40 e 50.
- Etapa Bartali: Coppi e Bartali sempre andam juntos. E a maior rivalidade do ciclismo fez com que a organização criasse algo para manter essa chama acesa. A Etapa Bartali dessa edição será a 8ª, com o belíssimo final na Piazza del Campo, em Siena, chegada da Strade Bianche.
- Montagna Pantani: Outro herói italiano homenageado pela RCS é Marco Pantani, reconhecido como o maior escalador de todos os tempos. O Mortirolo será a montanha com seu nome em 2025.
- Reta Contador: O Mortirolo é uma das subidas míticas do ciclismo mundial. Seu topo pode ser alcançado por diferentes caminhos e um deles, menos conhecido, impressionou o ex-ciclista Alberto Contador. Ao ser adicionado ao percurso deste ano, a subida teve seu trecho mais duro (2.9km com 14.9% de inclinação média) batizado de Reta Contador.
- KM Redbull: Pelo primeiro ano a marca de energéticos vai patrocinar o Traguardo Volante do Giro. A ideia é movimentar as 19 etapas (exceto os contrarrelógios) com bônus de tempo para os três primeiros colocados na passagem: 6s, 4s, 2s, respectivamente.
Quer saber mais algum significado do Giro d’Italia? Mande uma mensagem perguntando!
ONDE ASSISTIR?
Pelo quarto ano consecutivo, o Giro d’Italia tem transmissão com narração em português no canal DSports, presente na grade da SKY+. Eles transmitem todas as etapas na íntegra, portanto desde a largada neutralizada.