Quando espaços para carros são abertos para a mobilidade ativa
No Dia Mundial Sem Carro, demos uma volta ao mundo em cinco paradas para ver estruturas urbanas que foram transformadas para privilegiar pedestres e bicicletas em vez de trânsito motorizado
Diminuir a frota de veículos a combustão é uma urgência planetária, e estão aí as mudanças climáticas que comprovam o fato de que os atuais níveis de emissão de gases do efeito estufa colocam a vida na Terra em risco. Alguns países, principalmente em suas metrópoles, já vêm adotando medidas para conter o trânsito, substituindo mega estruturas para automóveis por áreas de lazer e de circulação de pedestres e ciclistas. Para o Dia Mundial Sem Carro, celebrado nesta sexta-feira (22), fomos buscar cinco exemplos em que a mobilidade ativa e sustentável ganhou espaço, tornando a vida de seus habitantes melhor. São exemplos inspiradores para todas as cidades no Brasil e fora.
Time Square (Nova York/EUA)
Até 2025, 25% das ruas de Nova York devem se livrar dos carros para se tornarem locais de circulação de pedestres, bicicletas e transporte público. Essa medida faz parte da campanha NYC 25×25, mas o cruzamento mais icônico da cidade, a Times Square, no coração de uma de suas principais vias, a Broadway, já experimenta essa mudança desde 2009, quando Michael Bloomberg (à época prefeito) e Janette Sadik-Khan (secretária de transportes) enfrentaram a opinião pública e o comércio local transformando uma das áreas mais visitadas do mundo em espaço de lazer e de mobilidade ativa, e sem perder a popularidade. Com isso, a Big Apple ganhou nova cara e uma escala em que o trânsito pesado vai dando lugar a pessoas circulando sem estresse, um exemplo que vem sendo seguido por outros municípios dos EUA e do mundo!
Carrera Séptima (Bogotá/Colômbia)
Uma das principais vias da capital colombiana ligando as zonas norte e sul, a Carrera Séptima está se transformando no Corredor Verde em um dos processos de intervenção urbana mais radicais da cidade. Pioneira na América Latina na campanha Um Dia Sem Carro desde os anos 1980, Bogotá vem buscando soluções para conter o trânsito desenfreado e a poluição. O projeto encabeçado pela prefeita Claudia Hernández e endossado pelo atual presidente, Gustavo Petro, vai privilegiar o transporte público 100% elétrico, inclusive com a construção da primeira linha de metrô da Colômbia. A avenida também vai contar com 280 mil metros quadrados de espaço público, 125 mil metros quadrados de áreas verdes com mais de 8 mil novas árvores, o dobro do número atual, e uma ciclovia segregada de 24 quilômetros.
Paris Plage (Paris/França)
Quando chega o verão na França, Paris se transforma em cidade litorânea com areia, guarda-sóis, espreguiçadeiras e milhares de pessoas ocupando cerca de 7 quilômetros às margens do rio Sena, uma área que nesse período deixa de ser frequentada por carros, mas com projeto para se tornar permanente. Neste ano, o Paris Plages, que existe desde 2002, foi de 8 de julho a 3 de setembro e se desmembrou por cinco locais – a esplanada do Hotel de Ville, o Parc Rives de Seine, o Quai de Loire, o Quai de Seine e o Bassin de la Villette, onde é permitido nadar. Essas praias artificiais se juntam a outras medidas da capital francesa para atenuar o tráfego de automóveis, que diminuiu 45% desde 1990 ao mesmo tempo que a utilização do transporte público cresceu 30% e o número de ciclistas aumentou dez vezes.
Cheonggyecheon (Seul/Coreia do Sul)
Em coreano, Cheonggyecheon quer dizer córrego límpido, mas esse rio que corta a capital da Coreia do Sul estava tão sujo em meados do século 20 que o poder público resolveu cobri-lo com uma via elevada para tentar solucionar outro problema da cidade: o congestionamento de automóveis. Só que a passagem de cerca de 120 mil carros diariamente contribuiu para a degradação do centro de Seul, tanto que no início dos anos 2000 a prefeitura teve de rever seu projeto de urbanização e avaliou que seria melhor recuperar o rio Cheonggyecheon. Assim, o asfalto foi retirado, criou-se uma grande área de lazer servida pelo transporte público e a região central da metrópole voltou a se valorizar, e com o seu córrego, agora a céu aberto, merecendo novamente o seu nome.
Porto Maravilha (Rio de Janeiro/Brasil)
Juntando-se ao Pão de Açúcar e ao Cristo Redentor, a zona portuária do Rio de Janeiro vem se tornando um ponto turístico relevante na região central da cidade. O ponto de partida do projeto do Porto Maravilha foi o desmonte da Via Perimetral – uma via elevada de 7 quilômetros construída nos anos 1970 para ligar a zona sul à zona norte. Compensado com o Túnel Rio450 e pelas linhas de VLT, o trânsito deu lugar a áreas de lazer com ciclovia para a melhor circulação de pedestres e ciclistas. Acrescenta-se a isso tudo os novos Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu do Amanhã, este com um projeto arquitetônico arrojado, que ampliam ainda mais as opções culturais do Rio.