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Aumento nas vendas de bicicletas fez crescer o interesse pelas competições

14 de agosto de 2021

A bicicleta foi, desde o começo, a melhor saída para a pandemia. Tornou-se a atividade física preferida diante do fechamento de academias, parques e espaços para a prática esportiva. Pedalar também foi o método mais seguro para evitar o risco de contágio no transporte público.

Fabricantes, importadores, lojistas e o mercado de bicicletas em geral viram a demanda explodir, recordes de faturamento e estoques zerados. Mas um setor da economia da bicicleta não vivenciou o crescimento exponencial do interesse pela bicicleta, ainda.

Com todo o calendário de provas de ciclismo no Brasil adiado ou simplesmente cancelado em 2020, os eventos de ciclismo de competição foram extremamente comprometidos. Agora, com vacinação em massa e o fim gradual das restrições, os campeonatos e provas promocionais estão sendo retomados.

Ciclismo de estrada cresce no Brasil

Foto: @snborges/Divulgação Bike Series

O ano de 2020 foi de crescimento histórico nas vendas de bicicletas e 2021 permanece com o mercado aquecido bem acima dos tempos antes da pandemia. Com o afrouxamento das regras de isolamento, a retomada das provas tem sido um momento de aprendizado.

Décio Rodrigues Júnior organiza o Bike Series, um circuito de competição de estrada em autódromos. A volta das competições aconteceu de maneira tímida em setembro de 2020. Desde então, a organização consolidou protocolos sanitários buscando garantir que não haveria contágio por covid-19 decorrente de seus eventos.

Quase um ano depois, a segurança sanitária segue presente. Com um histórico sem contaminações, o Bike Series começa agora a ver o aumento no interesse pela bicicleta dentro dos eventos. No comparativo com anos anteriores, a participação nos eventos já cresceu 25% em 2021. O principal limitador para o crescimento no número de inscritos tem relação com as restrições da pandemia, mas também com o tamanho dos espaços.

O Bike Series Interlagos contava com cerca de 1.200 ciclistas em anos anteriores. Já a edição de 01 de agosto de 2021 precisou ser limitada para 1.450 atletas. A procura, no entanto, excedeu esse limite por uma larga margem. Dez dias antes da largada, as inscrições precisaram ser encerradas por falta de vagas. Mesmo assim, os telefones e as redes sociais não pararam, com muitos interessados deixados de fora.

Das pedaladas indoor, para a volta do MTB

Com eventos cancelados e pedaladas virtuais em 2020, o Brasil Ride foi outro grande evento esportivo que sobreviveu e buscou se adaptar. A temporada 2021 começa com o Festival Brasil Ride – Warm Up, que acontecerá entre 05 e 07 de setembro na cidade de Botucatu, no interior de São Paulo.

A novidade dos tempos de pandemia, no entanto, é um espaço maior para acolher novatos, aficionados pelo esporte e crianças. Atletas iniciantes poderão participar da Categoria Tour, um circuito inovador com um dia de duração, 15 km e altimetria acumulada de 437 m. Bem mais leve que o Warm Up Sport, com seus 39,8 km e 933 m de subidas acumuladas.

Crianças dos 4 aos 10 anos também têm uma prova curta para sentir a emoção de competir. Separadas em duas categorias, os pequenos atletas terão um circuito de 1 km adaptado.

O movimento para acolher os recém chegados ao esporte e as futuras gerações vai além das competições. A garantia de espaços para treino, ou simples pedaladas livres, é fundamental.

Acolhimento para novatos do ciclismo

Pioneira na criação de áreas de proteção ao ciclismo competitivo (APCCs), a cidade do Rio de Janeiro teve que agir para atender a demanda. Por pressão de grupos de ciclistas, a prefeitura inaugurou novas áreas de treinamento. Atualmente já são 5 APCCs nas ruas e avenidas cariocas, a pandemia ajudou a democratizar esses espaços para além da orla costeira, elas agora estão presentes em todas as regiões da cidade. 

A expansão trouxe também uma mudança no perfil dos atletas. As APCCs atendem os atletas que treinam em áreas nobres perto da praia e vão trabalhar durante o dia, mas também os que chegam do trabalho e treinam no começo da noite ao redor do parque Deodoro, espaço que é legado olímpico para a cidade.

Pandemia promoveu renovação no ciclismo desportivo

Espaços seguros para o treino em bicicleta são um incentivador fundamental para o progresso do ciclismo. Como lembra Raphael Pazos, fundador da Comissão de Segurança no Ciclismo da cidade do Rio de Janeiro (CSCRJ) e grande defensor das APCCs, as famílias se sentem muito mais confortáveis de permitir que seus filhos e filhas façam seus treinamentos em espaços seguros, sem conflitos com automóveis.

Outro indicador de esperança para o futuro também vem da Bike Series. O crescimento na participação de novos atletas nos eventos veio, principalmente, na faixa etária dos 18 aos 29 anos. Um dado importante para um esporte ainda muito carente de jovens.

Em estudo recente na região metropolitana de São Paulo, a Aliança Bike e outras organizações constataram que a média de idade de quem pratica o ciclismo de estrada é de 42 anos. Com um dado importante, do total de mais de 3.000 participantes na pesquisa “Ciclismo de Estrada na Grande São Paulo“, 60% estão acima dos 40 anos.

Também chama a atenção na pesquisa o tempo de prática no esporte, apontando para uma tendência de novos ciclistas praticantes: com quase 12% de todos os respondentes afirmando que começaram a treinar há menos de 1 ano e 37,92% com pelo um ano de prática e menos de 5 anos.

Boom de vendas e de participação em competições nos EUA

A participação nas provas de ciclismo organizadas pela USA Cycling (USAC) aumentou 11% em 2021 em relação aos níveis pré-pandemia. O comparativo foi feito em relação a 2019, último ano completo de competições.

Outro indicador do aquecimento do esporte está no aumento do número de atletas associados, os federados na terminologia brasileira. A USAC prevê um aumento de 25% no número de novos membros. 

Um último destaque aponta um futuro promissor para o esporte em bicicleta, a participação dos atletas juniores nas competições em 2021 também está maior do que em 2019.

Flexibilização da pandemia deve encorajar ainda mais o ciclismo

Com mais de 70% da população adulta brasileira já vacinada com ao menos uma dose da vacina contra Covid-19, as restrições de circulação de pessoas estão diminuindo em ritmo acelerado.

No geral, a maioria dos grupos de pedal permaneceu ativo e pedalando nas ruas durante boa parte da pandemia. Uma exceção foi o Fuga, grupo paulistano que, voluntariamente, optou pelos treinos indoor durante os períodos de maior restrição. Foi uma decisão voluntária dos membros, que se mantiveram em casa, com treinos por teleconferência.

A flexibilização, e a volta dos pedais presenciais, já trouxe impactos para o clube. Nas palavras de Albert Pellegrini, um dos fundadores, houve aumento da procura e ingresso de novos ciclistas assim que os encontros foram retomados. Mesmo com o frio do inverno, nas últimas semanas o interesse tem aumentado. Novatos e veteranos dispostos a acordar às 4:30 da manhã para treinar na madrugada gelada. A perspectiva é que com a diminuição do frio aumente ainda mais o número de ciclistas treinando juntos. Por amor ao esporte.

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