Expectativas para o Cape Epic e Brasil Ride 2021
As grandes maratonas de MTB estão de volta. O calendário 2021, no entanto, está bem diferente. Sempre realizado em março na África do Sul, o Cape Epic deste ano começará em 17 de outubro, o que acabou empurrando mais para frente a realização da Brasil Ride que começará em 07 de novembro.
Outra grande mudança em relação a 2019, última edição das duas provas, aconteceu na lista de atletas. Ainda sob efeito da pandemia, as viagens internacionais seguem com diversas restrições, o que fez com que muitos dos participantes de outras edições optassem por um calendário pessoal mais doméstico, ou no mínimo mais europeu.
Cape Epic e Brasil Ride são provas do calendário da UCI de XCM, então sofreram problemas parecidos. Para entender o que mudou na grande prova nacional por etapas e uma das grandes do calendário do MTB mundial, conversamos com Rafael Campos, diretor técnico da Brasil Ride.
Expectativas da organização para a Brasil Ride 2021
Desde a primeira edição em 2010, nunca houve interrupção na realização da Brasil Ride. Com a pandemia, ficaram um ano inteiro parados. Rafael resume essa volta da seguinte maneira:
Com uma logística complexa, com muitos detalhes dá até frio na barriga de retomar tudo. É como fazer a prova novamente pela primeira vez.
Como parte do calendário oficial de corridas da UCI, a Brasil Ride precisou negociar uma data junto à entidade máxima do ciclismo mundial. Uma conversa que vem desde abril deste ano.
Prova de destaque no calendário UCI de MTB, a Cape Epic acabou postergando a Brasil Ride. Em tempos de pandemia, foi um adiamento muito bem vindo, dando mais tempo para que a pandemia estivesse mais sob controle.
Atletas em destaque na Brasil Ride 2021
A quantidade de estrangeiros entre os participantes está menor. O medo de participar, e correr o risco de ter de cumprir quarentena de 14 dias ao chegar ou sair do Brasil, é um dos motivos. Ainda assim, a qualidade dos estrangeiros confirmados para disputar a prova não diminuiu.
Grandes destaques internacionais estarão presentes. O português Tiago Ferreira, que já correu 5 vezes a prova, é o atual campeão, vem defender o título ao lado holandês Hans Becking. Também português, José Dias vem ao Brasil depois de conquistar a quarta colocação no mundial de XCM.
Do Brasil, Alex Malacarne é a estrela em ascensão. Sem a participação de Henrique Avancini, atual vice-campeão, os jovens talentos da sua equipe estarão presentes e são outro destaque brasileiro.
Para acompanhar toda a prova, haverá transmissão diária ao vivo pelo canal oficial no Youtube. Haverá, ainda, um resumo diário em vídeo para todos os dias de prova.
Histórico da Brasil Ride
No princípio, não existia prova por etapas no Brasil. Os dois primeiros anos foram de formação de cultura e também para mostrar que era possível realizar um evento de grandes proporções. O desafio era mostrar que era possível. Eram poucos brasileiros, mas os estrangeiros viram oportunidade de viajar para o Brasil.
Já na quinta edição, surgiu a comparação de que a Brasil Ride era Giro d´Italia do MTB, com o Cape Epic sendo o Tour de France. Com esse destaque através da imprensa internacional, os organizadores optaram por investir na comunicação através das mídias sociais para atingir um maior número de entusiastas. Chamar a atenção dos fãs, além dos atletas.
A mudança para Arraial d´Ajuda também contribuiu para aumentar a participação internacional. Em 2019, na última edição, o número de estrangeiros foi recorde. A proximidade com Porto Seguro facilitou muito a logística de quem vinha de fora. A rede hoteleira e o aeroporto com voos regulares facilitaram muito na comparação com a Chapada Diamantina, onde tudo começou.
O preço das inscrições, mais baixo que o Cape Epic, durante os primeiros anos foi um fator que afastou os atletas estrangeiros. Quem comparava, euro por euro, tinha a ideia (errada) de que o serviço e apoio prestados aos atletas seria de pior qualidade na Brasil Ride. Esse mito foi desfeito através do boca a boca entre os participantes internacionais. Mesmo cobrando um valor baixo, para o padrão europeu, a Brasil Ride se mostrou capaz de atender a expectativa dos atletas acostumados com as provas no velho continente.
A capacidade de organização construída ao longo dos anos no Brasil possibilitou inclusive que a prova se expandisse para a Europa. Em maio de 2022, a marca Brasil Ride chega na Europa com objetivo de ser a maior prova de MTB por etapas do continente.
Novos ciclistas no pós-pandemia
O momento atual trouxe mais gente para a bicicleta e com mais gente circulando, a participação nas provas regionais cria expectativa para uma prova maior. Justamente um evento nos moldes da Brasil Ride, com mais destaque e visibilidade internacional.
Mesmo sem a realização de provas durante a maior parte dos últimos meses, a Brasil Ride aproveitou a pandemia para aumentar sua presença e alcance nas plataformas digitais. Sendo uma prova no “topo da pirâmide”, voltada para atletas profissionais de alto rendimento, foi necessária uma busca por construir opções mais atraentes aos novatos,
O Festival Brasil Ride é parte desse esforço, inclusive com categoria kids, não competitiva. O conceito central é atender toda a cadeia esportiva. Os atletas não competitivos, os que começaram agora e os que já dão conta de competir grandes distâncias.
Como a Brasil Ride buscou sobreviver à pandemia
Em março de 2020 a impressão geral era que haveria apenas atrasos no calendário de provas e alguns eventuais cancelamentos. Acabaram gastando energia para deixar tudo pronto para a realização das competições, mas os constantes adiamentos se tornaram apenas um trabalho extra que se transformou em cancelamentos.
Foi um período dolorido com direito a eleições municipais no meio. Com as mudanças de gestão, aproveitaram para refazer e reavaliar relacionamentos e parcerias com prefeituras. Com a diminuição das restrições por conta da pandemia, 2021 foi a hora de restruturar.
Agora, o fim de ano será bem intenso. Só em 2021, tiveram a realização do Festival e ainda restam mais quatro provas até dezembro. Além do Brasil Ride na Bahia, tem a Brasil Ride na Serra do Espinhaço, uma prova de gravel e uma de corrida de montanha, as duas últimas em Botucatu, SP.
Foram tempos ruins, mas agora estão voltando com tudo. Para o ano que vem a meta é manter o leque de ações e oferecer muita qualidade aos participantes.
Cape Epic 2021 o desafio está de volta
Depois do mundial de Maratona Cross Country (XCM) no começo de outubro os fãs do esporte estão na expectativa para a realização de uma das mais tradicionais maratonas de longa duração. A Cape Epic acontece entres os dias 17 e 24 de outubro e vai ser bem diferente das últimas edições.
A primeira mudança, relacionada à época do ano, está no regime de chuvas. Março costuma ter trilhas bem secas, com muita poeira. Outubro é bem diferente, com grandes possibilidades de chuva nos dias de prova. Serão 619 quilômetros a serem cumpridos em oito dias, com 15.250 metros de subida acumulada. Mas dessa vez com um provável toque de lama.
Outra grande diferença será o número de atletas. O número médio costuma girar em torno de 600 equipes e cerca de 1300 ciclistas. Para 2021 serão 250 equipes e 500 ciclistas. A participação internacional também diminuiu bastante. Em anos anteriores, entre 45-50% dos competidores vinha de fora da África do Sul, agora serão em torno de 25%.
Duas grandes ausências dão o tamanho do impacto da pandemia nesta edição. A equipe campeã em 2019, a Scott-Sram de Nino Schurter e Lars Forster, não estará presente. Os grandes rivais, com a segunda colocação na última edição da Cape Epic, também não irão participar. Henrique Avancini optou por não prestigiar a prova depois que seu tradicional parceiro de Cape Epic, o alemão Manuel Fumic, teve uma fratura que o deixou de fora.
Mesmo sem a grande disputa de 2019, a prova certamente deverá trazer muita emoção. O talento do estreante brasileiro Alex Malacarne estará ao lado do suiço Christoph Sauser que tem cinco vitórias na Cape Epic no currículo.
Para acompanhar a Cape Epic 2021, basta uma boa conexão com a internet. A transmissão será feita ao vivo diretamente pelas redes oficiais da prova.
O equipamento perfeito para uma ultramaratona de MTB
O vídeo é de 2018, mas os desafios de encarar dias de prova na terra continuam os mesmos. Encarar uma maratona por dia exige enorme esforço de atletas e equipamentos. Com o detalhe que os próprios atletas precisam consertar suas bicicletas em caso de defeito ou pneus furados, nada de intervenção de mecânicos durante o trajeto.
Suspensão dianteira e traseira é o equipamento padrão. Mas diante da necessidade de pequenos reparos, as bicicletas costumam ter algumas adaptações para provas como a Cape Epic e Brasil Ride.
Ferramentas vão “escondidas” por toda a bicicleta, nos canotes e até mesmo no movimento central. Mas uma grande necessidade é um medidor de potência ligado ao GPS, um pouco mais de peso, mas um importante acessório para que o atleta saiba quanto de energia pode despejar para andar na frente, mas não se acabar antes do fim da prova.
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