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5 dicas de cidades para viajar e pedalar nas Américas

20 de setembro de 2022

Eu sou aquele tipo de viajante que quando chega em uma cidade tira fotos de ciclovias, paraciclos e qualquer estrutura que facilite e inove a mobilidade ativa urbana. Pedalar em algumas cidades pode ser uma atração turística em si, afinal, que maneira melhor de sentir a brisa perfumada dos parques na primavera, o cheiro de uma comida típica na praça principal da cidade ou ouvir a música de um grupo de locais ensaiando na frente de casa?

De bicicleta a cidade ganha novas cores, cheiros e sons e o roteiro vai se formando ao se pedalar. Algumas cidades já perceberam isso e criaram formas de encorajar locais e turistas a se deslocar pelo território usando a bicicleta. Todos ganham, a cidade fica mais limpa, mais amigável, acolhedora, segura e, acho que você vai concordar comigo, mais bonita.

Em 2016 comecei um pedal no Alasca em direção ao sul do continente americano e no caminho passei por cidades que me surpreenderam pela facilidade e acolhimento à bicicleta. Fiz uma lista com 5 cidades nas Américas para se visitar em duas rodas e conto um pouco do porque visitá-las usando esse modal transformou minha experiência.

1. Bogotá (Colombia)

Bogotá é para mim a rainha das cidades cicláveis nas Américas. A cidade colombiana colocou a América do Sul no mapa da mobilidade urbana global quando em 1976 começou seu programa de ciclovias e ruas abertas. Bogotá conta com 392 quilômetros de ciclovias lotadas de bicicletas e ciclistas de todos os tipos, nos finais de tarde é muito comum ver nas principais praças da cidade grupos de amigos com suas bicicletas se reunindo para jogar xadrez ou para dali seguir para os bares e restaurantes.

Hoje, é difícil imaginar Bogotá sem bicicletas e é possível fazer diversos tipos de tours na cidade usando o modal incluindo os famosos tours de arte urbana e de comidas exóticas. Muitas escadarias apresentam canaletas para empurrar a bicicleta e os paraciclos no centro da cidade e próximos às principais estações de metrô e ônibus tem segurança dedicada (pessoas ou câmeras).

Minha experiência em bares, restaurantes, museus, teatros e cinemas de Bogotá é que a maioria deles são preparados para receber a bicicleta de braços abertos e com segurança. Ótimos paraciclos, sistema de transporte público integrado e/ou amigável à bicicleta fazem com que percorrer a cidade seja possível e prazeroso. A prefeitura da cidade criou também roteiros nos arredores, começando em Bogotá com 20, 30, 40 quilômetros de muita natureza, história e cultura.

Sites que podem te ajudar a planejar sua visita a Bogotá:
www.movilidadbogota.gov.co
www.bogota.gov.co

2. Paramaribo (Suriname)

Paramaribo é uma jóia encravada no norte da América do Sul. Pouco conhecida pelos brasileiros, a cidade tem um centro histórico tombado como patrimônio da humanidade pela UNESCO e uma história que segue muito viva e impregnada nas casas e casarões de madeira branca e verde. Pedalar por Paramaribo te fará esquecer que você está na América do Sul, todas as placas e sinalizações estão em holandês, a língua oficial do país, e o tráfego nas ruas e estradas é pela esquerda ou como comumente chamamos, mão inglesa. Nas Américas somente dois países usam esse sistema e o Suriname é um deles.

Paramaribo e os arredores são completamente planos e em poucos quilômetros é possível visitar áreas de cultivo de arroz, cana de açúcar e banana, as “plantations” que atualmente são dedicadas também ao turismo histórico e rural. O Museu Bakkie é uma dessas “plantations” e hoje conta a história da região pela perspectiva das pessoas escravizadas que trabalharam ali. Marsha Mormon é a proprietária e administradora da propriedade que hoje é também museu, hotel e restaurante. Ela é descendente direta de escravizados e vale muito a pena ouvir ela e o esposo, Bas Spek contar dos documentos e objetos originais da propriedade.

Em determinado momento da história do país o fluxo migratório de Javaneses foi tão intenso que algumas ilhas nos arredores de Paramaribo têm o Javanês como língua mais falada (e em algumas famílias a única língua falada). A culinária na região tem forte influência asiática mas é a comida Javanesa que ganha destaque e se come o melhor Nasi ambeng (preparado aromático com arroz e curry servido na folha de bananeira) do continente americano. Acredite, visitar Paramaribo é intenso e fazê-lo de bicicleta te fará mergulhar de cabeça em um caldeirão cultural e diverso que você não vai esquecer.

Quase todos os hotéis e pousadas da cidade oferecem bicicleta aos seus hóspedes, mas no centro histórico perto do Jardim Botânico existem várias empresas que fazem o aluguel de bicicletas.

Sites que podem te ajudar a planejar sua visita a Paramaribo:
https://museumbakkie.com
www.fietsensuriname.nl

3. Guadalajara (México)

A capital e maior cidade de Jalisco, o estado mexicano famoso pelas tequilas e mariachis, é uma cidade vibrante, cosmopolita, cultural e com uma cena ciclística muito importante no Mexico. O centro histórico é um museu a céu aberto e a arquitetura da cidade é tão elaborada que é preciso experimentá-lo devagar como uma boa tequila. A cidade tem 253 quilômetros de ciclovias e muitas áreas livres de carro. Nessas áreas é onde normalmente se agrupam músicos, vendedores de artesanato e comidas tradicionais. Em setembro Guadalajara é a sede do maior festival de Mariachis do mundo que na edição de 2022 está prevista a performance de mais de 500 bandas.

Sites que podem te ajudar a planejar sua visita a Guadalajara:
www.pedalia.cc
Gdlenbici.org
Visitguadalajara.com

4. Portland/Oregon (Estados Unidos)

A cidade que se orgulha de ser a mais “estranha” cidade dos Estados Unidos é um paraíso para quem gosta de bicicleta, cultura pop e cerveja. Foi em Portland, bebendo uma cerveja artesanal ouvindo um homem-banda que tocava 9 instrumentos quase que ao mesmo tempo, que decidi que iria pedalar as Américas. A cidade que inspirou o seriado de TV “Os Simpsons” tem rotas de bicicleta de parques, livrarias e galerias de arte e até cervejarias que fazem a própria cerveja artesanalmente e oferecem descontos e doses especiais para os visitantes que chegam pedalando.

Em Portland existem vários eventos exclusivos para ciclistas e talvez o mais famoso e tradicional deles seja o “Breakfast on the Bridges” (Café da manhã nas pontes), que acontece toda última sexta-feira do mês das 7h às 9h da manhã. Este ano o “Breakfast on the Bridges” completou 20 anos que acontece nas três principais pontes da cidade, Steel, Hawthorne e Tilikum e já virou uma tradição encontrar os amigos de bicicleta ali para um bate papo rápido com café e bolinhos.

O aluguel de bicicletas em Portland também pode ser uma atração em si, muitas lojas oferecem uma gama enorme de modelos de bicicletas no seu menu de aluguel e é possível alugar desde tandens (aquelas bicicletas longas com mais de um lugar) até aquele modelo que você anda namorando na vitrine da loja. Se você decidir levar sua própria bicicleta ou alugar uma do sistema público, não deixe de passar em uma loja de bicicleta para ver a infinidade de bolsas, refletivos, acessórios e objetos com motivos de bicicleta produzidos localmente, é a lembrancinha perfeita para levar para os amigos.

Sites que podem te ajudar a planejar sua visita a Portland:
www.portlandoregon.gov
– https://www.brewgrouppdx.com/brewcycle/
bikeportland.org
– Shift2bikes.org

5. Toronto (Canadá)

Pedalei a capital da província de Ontário, quando voei para lá para fazer um curso de mecânica profissional de bicicleta. A cidade é plana, repleta de parques e áreas verdes e conta com mais de 300 quilômetros de ciclovias nas ruas. As ilhas de Toronto são livres de carro e visitá-las de bicicleta é a melhor maneira para fazer os percursos completos. Toronto é também um paraíso de caminhos de terra em áreas naturais e você pode, com a ajuda dos guias preparados pela prefeitura, planejar a melhor rota de acordo com a época do ano, assim você conseguirá ver o melhor da natureza urbana de cada época, minha favorita é a rota do outono, e estou deixando abaixo, o link de presente pra você.

Pedalar por Toronto é muito fácil, você pode contratar tours em empresas especializadas ou preparar seu próprio tour com a ajuda de especialistas. A organização Cycle Toronto (Pedale Toronto em uma tradução livre) te ajuda a montar uma rota baseada nas suas prioridades de pedal (segurança, tipo de terreno, tempo) e se no final da sua rota você se cansar é só colocar a bicicleta no transporte público e voltar para o hotel, com aquela sensação gostosa depois de um dia de pedal.

Sites que podem te ajudar a planejar sua visita a Toronto:
www.ontariobybike.ca
www.toronto.ca
www.bikesharetoronto.com
www.cycleto.ca

Tenho certeza que você tem outras cidades para incluir nessa lista, conta pra gente nos comentários.

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Juli Hirata

Juli Hirata é bióloga, cidadã do mundo e cicloviajante. Viver na natureza é seu maior prazer e desta paixão surgiu o projeto Extremos das Américas. Um pedal solo que começou em Prudhoe Bay (Alasca), o extremo norte da América do Norte em abril 2016 quando as temperaturas ainda estavam por volta dos -20°C. Em seu caminho ela visita parques e áreas naturais importantes de cada país já tendo visitado mais de 50 áreas protegidas. Até o momento pedalou mais de 23 mil quilômetros em 16 países. É cicloviajante desde 2002 e já pedalou pelo litoral de São Paulo, litoral do Nordeste, Serra da Mantiqueira , Reino Unido, Marrocos, Portugal, Espanha e Turquia.

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