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Como o Rio Grande do Sul tem se organizado para ampliar o cicloturismo

22 de maio de 2022

Da comunidade à iniciativa privada, passando por ações do poder público, a sociedade gaúcha está buscando ampliar e consolidar seus circuitos de cicloturismo

Dono de circuitos famosos que lembram o cenário europeu e encantam ciclistas de todo o Brasil, o Rio Grande do Sul tem potencial para o cicloturismo e vem buscando se organizar para ampliar seus circuitos e conectar suas rotas, levando a cultura, os benefícios e economia da bicicleta para dentro dos pequenos municípios.

Organizações da sociedade civil, poder público e iniciativa privada promovem diferentes iniciativas de fomento ao ciclismo e garantem que a pandemia foi um marco impulsionador do uso da bicicleta na região. A Aliança Bike bateu um papo com representantes de algumas entidades para entender o cenário do cicloturismo no estado gaúcho.

Rota das Cucas/ Divulgação

Um importante espaço para a troca de experiências e organização das demandas tem sido o Encontro de Cicloturismo, que deu origem a Agacitur – Associação Gaúcha de Cicloturismo, que começou sua atuação em 2018 e elegeu sua primeira diretoria no começo do ano passado.

Luiz Faccin, atual presidente da Agacitur, é um entusiasta das potencialidades da região experimentada em cima da bicicleta, mas não esconde sua preocupação com a falta de continuísmo dos investimentos e salienta que o objetivo precisa ser com foco em cicloviagens mais longas e não apenas nos circuitos de um dia.

“O cicloturista de qualquer lugar do Brasil precisa sentir que vale a pena conhecer o Rio Grande do Sul pedalando uma bicicleta, apreciando a arte, a culinária e a cultura local ao longo de alguns dias. Portanto, este é um trabalho necessariamente intermunicipal”, argumenta Faccin.

Neste sentido, previsões legais são um importante marco para a consolidação de políticas públicas. No caso do cicloturismo, o Estado do Rio Grande do Sul aprovou a Lei 34/2021, de autoria da Deputada Zilá Breitenbach, que prevê a atenção e os investimentos dos municípios para o desenvolvimento de rotas, mapeamento da região e atrativos, bem como a celebração de parcerias com a iniciativa privada para tais fins.

“É uma lei que abre caminho para parcerias e investimentos, não temos a intenção de ingressar, mas sim de criar possibilidades. Comecei a ver as pessoas da minha família adotarem a bicicleta como esporte e lazer e vi que o Rio Grande do Sul não tinha uma legislação com esse foco. Das viagens aos grandes eventos, o ciclismo é uma importante atividade econômica para a região.”, comentou a Deputada Zilá.

No final do último mês de março, o Estado também iniciou os trabalhos da Câmara Técnica de Cicloturismo, para discutir questões relacionadas à capacitação técnica nas trilhas, incluindo condutores, sinalização, sistema de segurança, postos de apoio e mais.

“Tudo isso está dentro do escopo de um projeto que chamamos de sistema de cicloturismo, que pretende conectar e valorizar o cicloturismo na nossa região. São 27 representantes da sociedade civil, sendo um de cada região turística, mais a Federação de Ciclismo, a Agacitur, Emater, Senac entre outros órgãos associados à Secretaria de Turismo”, explicou Álvaro Machado, Coordenador da Câmara Técnica da Cicloturismo pela Secretaria de Turismo do Estado.

Diretor da Agacitur e do Santa Cruz Bikers Club, Carlos Corrêa da Rosa além de cicloturista também é extensionista rural da Emater/RS e ligado a outras entidades de turismo na região, além de fazer parte da equipe técnica do Circuito de Cicloturismo Raízes Coloniais do Vale do Rio Pardo, com 298 km, e que será lançado em setembro com destaque para um trabalho inédito de extensão rural da Emater/RS junto às famílias rurais que estão investindo em Turismo Rural. O circuito tem apoio do Sicredi Vale do Rio Pardo.

“Estamos realizando ações de capacitação e formação dos pequenos produtores rurais com foco no cicloturismo, para que essas famílias possam oferecer produtos e serviços aos ciclistas de forma a gerar renda e oportunidade de diversificação das propriedades e que estas estejam totalmente integradas ao circuito.”, argumenta Carlos.

Exemplo bem sucedido é o Circuito da Rota Romântica, inaugurado em setembro de 2019, com apoio da Sicredi Pioneira, sistema de Crédito Cooperativo que atua em 21 municípios do RS.

“O cicloturismo já é um foco da Sicredi há alguns anos e a Rota Romântica é um bom exemplo dos resultados positivos que esse investimento pode trazer. Conseguimos conectar ciclismo e comércio ao longo de 14 cidades que hoje compõem o circuito.”, explica Daniel Hillebrand da Sicredi Pioneira.

São 355 quilômetros de Circuito, divididos em 15 trechos, com cenários deslumbrantes em meio à natureza. Hoje, a Rota Romântica conta com site oficial, manual de navegação e mapas disponíveis para download, além de um sistema de passaporte com 11 postos de chegadas onde os ciclistas ganham seus carimbos como em grandes circuitos europeus. A sinalização ao longo do percurso também dispõem de diferentes modelos de placas, das interpretativas com distâncias do trecho, altimetria e pontos de interesse, até as folhas de plátano (logotipo da Rota Romântica) pintadas ao longo do percurso para reforçar que o cicloturista está no caminho certo.

Rota Romântica

Como disse Luiz Faccin, muitas rotas ainda precisam qualificar suas sinalizações, mas um exemplo como o da Rota Romântica mostra o que é possível ser feito com investimentos e parcerias, não só no Rio Grande do Sul, como em todo Brasil.

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Giuliana Pompeu

Coordenadora de Comunicação da Aliança Bike e Co-fundadora da HUB Conteúdo, é jornalista e produtora. Formou-se em Comunicação Social na Faculdade Cásper Líbero em 2017, onde dirigiu o documentário Ela Pedala. Assessora e idealiza projetos que usam a bicicleta para promover cidadania, cultura, saúde e diversão. Atualmente, coordena a comunicação da Aliança Bike e do Instituto Aromeiazero.

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