Ciclocross: o parque de diversões de Mathieu Van der Poel
Você curte ciclocross? Ainda não? Então você tem uma chance de ouro para conhecer a modalidade neste final de semana. A temporada chega ao seu ápice com a disputa do Campeonato Mundial em Liévin, na França (31/1 a 2/2). A grande expectativa, sem dúvida, gira em torno do neerlandês Mathieu Van der Poel (Alpecin), que pode conquistar seu sétimo título no ciclocross e igualar o recorde do belga Erick de Vlaeminck. Campeão mundial na Estrada (2023) e no Gravel (2024), o neerlandês é uma celebridade.
Estima-se que, atualmente, ele receba dos organizadores cerca de € 50 mil euros (aproximadamente R$ 300mil) por cada prova que ele alinha. Como requinte, ele chega aos eventos com algum modelo superesportivo da Lamborghini, marca de carros que o patrocina.
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Nos últimos anos, Van der Poel parece ter algumas marchas a mais que os seus adversários. Superioridade que tem tornado as provas mais previsíveis e menos emocionantes. Afinal, ele sempre ganha. Nos últimos dois anos ele só não venceu uma. E, justamente, por um erro dele, que caiu quando liderava.
Wout Van Aert, tricampeão mundial, será novamente seu principal rival. Porém, voltando de lesão, o belga decidiu disputar o Mundial de última hora e não parece capaz de impedir a dinastia neerlandesa.
Uma pena, pois os confrontos entre os dois dão uma popularidade global e crescente para um esporte consolidado em seu nicho, mas que sofre para romper as fronteiras europeias.
Os duelos entre eles – iniciados nas categorias de base – migraram para a Estrada e colocaram o ciclismo em um outro nível. A prova deste domingo coroa uma década de ouro na modalidade, porém também pode selar as dúvidas se a rivalidade ainda existe de fato.
PATRIMÔNIO BELGA
O ciclismo é um esporte de tradição europeia que ganhou o mundo. O Ciclocross tem essa raiz ainda mais profunda no Velho Continente. Aqui no Brasil, por exemplo, o esporte ganha admiradores, mas nunca pegou de fato. Alguns projetos nos EUA e Canadá tentam – lentamente – furar a bolha. Mas não é fácil.
Em Liévin, este ano, serão apenas 30 nações representadas. Para um Mundial, é muito pouco. Em Março, o COI (Comitê Olímpico Internacional) irá avaliar se o ciclocross deve fazer parte dos Jogos Olímpicos de Inverno. E essa abrangência global, certamente, será levada em conta.
POUCOS INTRUSOS
Como exemplo, das 12 etapas da Copa do Mundo 2024/2025, seis foram disputas na Bélgica, o país do ciclocross. Os campeões do circuito foram o belga Michael Vanthorenhout e a neerlandesa Lucinda Brand, sobretudo, extremamente regulares ao longo do ano. As estrelas do esporte, como Mathieu Van der Poel e Fem Van Empel – atuais campeões do mundo – correram apenas parte do do calendário, menos prestigiado que a camisa arco-íris deste final de semana.
De qualquer forma, é pontual uma outra nação entrar nessa briga com a Bélgica e os Países Baixos. São raras exceções, como Tom Pidcock, britânico campeão mundial em 2022. Ou a francesa Pauline Ferrand-Prevot, em 2014.
NEERLANDESAS MANDAM NO FEMININO
A prova feminina deste ano chega com um grande suspense. Mesmo que a nação favorita esteja clara. As mulheres dos Países Baixos dominam com ampla supremacia o ciclocross. Levaram 12 dos últimos 16 eventos. Maior campeã, com oito títulos, Marianne Vos não vai alinhar na França. Ela sofreu uma lesão na panturrilha. Ainda assim, Lucinda Brand, Fem Van Empel, Puck Pieterse e Ceylin del Carmen Alvarado formam um bloco neerlandês de respeito. A húngara Blanka Vas é uma possível intrusa nessa briga pelo pódio.
Os atletas enfrentam diversos obstáculos, como rampas, escadas e trechos técnicos, que exigem habilidades muito específicas durante cerca de 1 hora de disputa.
FORMATO CONSOLIDADO
Combinando elementos de mountain bike e ciclismo de estrada, as competições de ciclocross ocorrem geralmente em circuitos curtos, o Mundial terá 3km de extensão, que incluem uma mistura de superfícies, como terra, grama, lama e asfalto. Os atletas enfrentam diversos obstáculos, como rampas, escadas e trechos técnicos, que certamente exigem habilidades muito específicas durante cerca de 1 hora de disputa.
Lievén terá um trajeto especialmente enlameado. Por escolha dos organizadores, mas também pela frequente chuva na região durante o último mês. Duas escadas ao longo do trajeto devem apimentar a disputa, quebrando o ritmo e aumentando o desgaste dos competidores.
E a torcida está sempre disposta a pagar o ingresso para assistir (e beber muita cerveja). No Mundial, por exemplo, os tíquetes para o fim de semana custam € 40.
Os principais eventos de ciclocross acontecem de novembro a janeiro. Portanto, na pausa da temporada de Estrada. O que muitas vezes confere um ar de férias.
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O EQUIPAMENTO DO CICLOCROSS
As bicicletas utilizadas são projetadas para serem resistentes e reativas. A geometria é bem diferente de uma road, por mais que a primeira vista possuam semelhanças.
Traseira mais curta, movimento central mais alto. Os pneus mais largos para melhor aderência em terrenos irregulares, normalmente contam sobretudo com cravos. E é normal, portanto, o ciclista trocar de bicicleta durante a prova por ‘excesso de lama’. Uma característica importante é que os ciclistas se habituam a descer da bike para transpor os obstáculos e – muitas vezes – carregam as bicicletas nas costas.
Como tudo no ciclismo, o sucesso dos grandes campeões fez com que outros ciclistas tentassem entender as vantagens do ciclocross na preparação para as outras modalidades. Sem dúvida, a intensidade e a dificuldade técnica somam ganhos importantes no repertório de qualquer ciclista.
Até Tadej Pogacar, o principal nome da atualidade, experimentou o ciclocross neste inverno. Porém, é impossível imaginá-lo competindo de verdade na prova. O mais provável, portanto, é que o esloveno seja como nós, um mero mortal de olho na tela neste final de semana.
Agenda Mundial de Ciclocross 24/25
31/1 (sexta-feira)
- 8h30: Revezamento por equipes
1/2 (sábado)
- 7h: Júnor Feminina
- 9h: Sub-23 Masculina
- 11h: Elite Feminina
2/2 (domingo)
- 7h: Júnor Masculina
- 9h: Sub-23 Feminina
- 11h: Elite Masculina
Horários de Brasília
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