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Ciclovias crescem, mas ainda representam menos de 3% da malha viária das capitais brasileiras

Aliança Bike divulga novo panorama das ciclovias nacionais

4 de dezembro de 2025

As capitais brasileiras ampliaram em 5% sua rede de ciclovias e ciclofaixas entre julho de 2024 e julho de 2025, somando 4.266 km de estruturas exclusivas para bicicletas. O dado integra o quarto monitoramento anual da Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas) e indica para a Associação que, embora haja expansão contínua, o ritmo de implantação ainda está abaixo do necessário para uma mudança mais ampla na mobilidade urbana.

O estudo estima que as ciclovias equivalham a apenas 2,77% de toda a malha viária das capitais. Essa média ainda esconde diferenças significativas entre as capitais, que variam de menos de 1% a 8,3% da malha viária coberta por ciclovias e ciclofaixas.

Realizado entre julho de 2024 e julho de 2025, o levantamento é baseado nas informações concedidas pelas cidades via Lei de Acesso à Informação (LAI). Todas as prefeituras das capitais brasileiras foram contatadas, incluindo Brasília, no Distrito Federal. 

No período, foram acrescentados 204,1 km de ciclovias e ciclofaixas à malha existente. Em média, as capitais brasileiras contam com 158 km de vias destinadas para a bicicleta. Na prática, isso significa que ganharam pouco mais de 6km em um ano.

A pesquisa considera exclusivamente estruturas segregadas e exclusivas para bicicletas, deixando de fora ciclorrotas e vias compartilhadas com veículos motorizados, que não integram os 4.266,3 km totais contabilizados.

Metodologia e série histórica

Pela primeira vez, o estudo introduziu a relação entre a extensão da infraestrutura cicloviária segregada e a malha viária total de cada capital. Para isso, a equipe técnica da Aliança Bike utilizou dados geoespaciais atualizados do OpenStreetMap para estimar a malha viária de cada município. Com isso, o indicador permite comparar o espaço viário destinado aos modos motorizados com o reservado às bicicletas. E evidencia o potencial de ampliação da infraestrutura cicloviária.

Para Luiz Saldanha, diretor executivo da Aliança Bike, a consolidação da série histórica permite agora uma leitura mais precisa do cenário. Ele destaca que nenhuma capital alcança 10% de sua malha viária com ciclovias ou ciclofaixas e que cerca de dois terços das capitais não chegam a 3% de cobertura. “Podemos compreender o quanto que se investe nos modos motorizados de transporte e o quanto temos de oportunidade para expandir a infraestrutura para ciclistas”. 

O aprimoramento metodológico também envolveu a revisão de informações enviadas por algumas prefeituras. A equipe da Aliança Bike identificou inconsistências na classificação entre estruturas segregadas e compartilhadas e readequou números da série histórica para evitar distorções nas comparações com anos anteriores.

O monitoramento, no entanto, não analisa a qualidade das estruturas e não abrange toda a malha cicloviária do país, já que se restringe às capitais.

São Paulo lidera em extensão de rede

Entre as capitais com maior extensão de ciclovias e ciclofaixas exclusivas, o ranking de 2025 mantém as cinco primeiras posições em relação ao ano anterior: São Paulo (737 km), Distrito Federal (626,5 km), Fortaleza (477,6 km), Rio de Janeiro (319,4 km) e Salvador (308,59 km). Aliás, no top10, apenas Florianópolis (160,58 km) e Belém mudaram de posição, sendo que a capital catarinense subiu para 6º e a sede da COP30 desceu para 8º.

Em termos percentuais, Natal registrou a maior ampliação da estrutura cicloviária segregada entre 2024 e 2025, com crescimento de 69,3%, ao passar de 37,5 km para 63,5 km. O Distrito Federal, por sua vez, foi o destaque em quilômetros implantados, com acréscimo de 75 km, seguido por Fortaleza, que expandiu sua malha em 34,5 km no período.

Ao todo, 16 capitais não acrescentaram novos trechos de ciclovias ou ciclofaixas, com destaque para a Região Norte, onde nenhuma capital registrou expansão da infraestrutura exclusiva entre 2024 e 2025.

Ciclovias na malha viária total

Quando se observa a proporção da malha cicloviária em relação à malha viária total, Fortaleza (8,3%) e Salvador (7,1%) lideram o ranking, seguidas por Florianópolis (6,9%), Vitória (5,4%), Belém (4,9%), Recife (4,5%), Aracaju (4,3%), São Paulo (3,7%), Distrito Federal (3,4%) e João Pessoa (3,0%).

São Paulo e Distrito Federal se destacam por figurarem entre as dez capitais com maior percentual de estrutura cicloviária exclusiva mesmo com malhas viárias totais superiores a 15 mil km de vias.

No extremo oposto, quatro capitais não atingem 1% de ciclovias e ciclofaixas em relação à malha viária total: Porto Velho, Manaus, Macapá e São Luís. Três delas estão na Região Norte e uma na Região Nordeste, o que reforça diferenças regionais na priorização da infraestrutura cicloviária. 

Para a Aliança Bike, esses dados contribuem para orientar políticas públicas, identificar lacunas de investimento e estabelecer metas de expansão mais alinhadas à realidade de cada capital.

Capitais com a maior rede de ciclovias e ciclofaixas em 2025

  • Em extensão total, São Paulo e Distrito Federal concentram quase um terço da malha cicloviária das capitais.
  1. São Paulo (SP): 737 km
  2. Distrito Federal: 626,5 km
  3. Fortaleza (CE): 477,6 km
  4. Rio de Janeiro (RJ): 319,4 km
  5. Salvador (BA): 308,59 km
  6. Florianópolis (SC): 160,58 km [subiu 2]
  7. Curitiba (PR): 155,73 km
  8. Belém (PA): 150,58 km [desceu 2]
  9. Recife (PE): 132,25 km
  10. Belo Horizonte (MG): 116,28 km

Crescimento (%) de ciclovias e ciclofaixas implantadas – de 2024 a 2025

  • Natal se destaca ao praticamente dobrar sua rede em um ano
  1. Natal (RN): 69,3% (37,5 km para 63,5 km)
  2. Brasília (DF): 13,6% (551,5 km para 626,5 km)
  3. Maceió (AL): 12,9% (68,1 km para 76,9 km)
  4. Florianópolis (SC): 12,8% (142,3 km para 160,6 km)
  5. Fortaleza (CE): 7,8% (443,1 km para 477,6 km)
  6. Curitiba (PR): 6,4% (146,4 km para 155,7 km)
  7. São Paulo (SP): 3,7% (710,9 km para 737,0 km)
  8. Porto Alegre (RS): 2,9% (80,6 km para 82,9 km)
  9. Recife (PE): 2,7% (128,8 km para 132,3 km)
  10. Belo Horizonte (MG): 1,2% (114,9 km para 116,3 km)

Maiores malhas cicloviárias em relação à malha viária total do município

  • Em proporção da malha viária, Fortaleza e Salvador têm hoje a maior parcela de vias dedicadas à bicicleta
  1. Fortaleza (CE): 8,3%
  2. Salvador (BA): 7,1%
  3. Florianópolis (SC): 6,9%
  4. Vitória (ES): 5,4%
  5. Belém (PA): 4,9%
  6. Recife (PE): 4,5%
  7. Aracaju (SE): 4,3%
  8. São Paulo (SP): 3,7%
  9. Distrito Federal: 3,4%
  10. João Pessoa (PB): 3,0%

Entenda o que são ciclovias e ciclofaixas

Embora sejam estruturas segregadas dos veículos automotores, ciclovias e ciclofaixas possuem diferenças entre si. De acordo com o Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro – e ratificado no Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito, Volume VIII, Sinalização Cicloviária – ciclovia é uma “pista própria destinada à circulação de ciclos, separada fisicamente do tráfego comum”; e ciclofaixa é uma “parte da pista de rolamento destinada à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização específica”.

Portanto, ciclovias podem usar grades, blocos de concretos, canteiros ou mesmo altura diferente da via de rodagem dos demais veículos para garantir uma segregação física.

Já as ciclofaixas funcionam na mesma pista de rolamento dos veículos automotores, mas com faixas pintadas exclusivas para ela. Podem contar com sinalização viária como tachões, balizadores e placas para delimitar o espaço específico para o tráfego de ciclistas.

Confira o ranking completo aqui

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Aliança Bike

Criada em 2003 e formalizada em 2009, a Aliança Bike tem como missão principal fortalecer a economia da bicicleta, além de trabalhar para que mais pessoas pedalem no Brasil. A entidade atua em diversas frentes de trabalho para atingir os objetivos. Conta com mais de 180 associados entre fabricantes, montadores, importadores, distribuidores e lojistas.

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