Ciclistas e conservação ambiental pedalam juntos na Flona de Brasília, polo de MTB no cerrado
Quem anda pelo Distrito Federal vê tanto descampado que fica difícil distinguir o que é unidade de conservação, o que é propriedade particular e o que é descaso mesmo. Mas uma parte do cerrado de 9 mil hectares próxima a Taguatinga ganhou o status de Floresta Nacional de Brasília em 1999 e ficou até o começo dos anos 2010 sem estrutura para receber visitantes. Em 2014, um grupo de pedal que se intitulava Jah do Cerrado começou a frequentar o local e, com o intuito de transformar os caminhos que iam descobrindo em trilhas de mountain bike, acabou ocupando o posto de guardião da Flona, como a floresta é conhecida, com várias ações de conservação do espaço público.
A iniciativa acabou por aproximá-los do ICMBio e esses ciclistas se tornaram os pioneiros da organização do trabalho voluntário junto ao órgão e suas unidades de conservação. Esse movimento, reconhecido em vários momentos, também virou exemplo, servindo de inspiração para outros grupos que surgiram na sequência.
Hoje o grupo está profissionalizado e atende pelo nome de Carcará Eventos Esportivos. Foram seus membros que começaram a estabelecer as trilhas de MTB, inclusive com sinalização, e a promover a visitação de forma consciente e sustentável. Já em 2015 construíram a ponte na Bica da Lata, local que era frequentado para o aproveitamento de uma de suas muitas nascentes, responsáveis pelo abastecimento de cerca de 70% da água no DF.
Com o apoio da Rede Trilhas, a Flona Brasília passou a ter sinalização padrão a partir de 2018. De 40 quilômetros sinalizados naquele ano, hoje já são 50,7 quilômetros de trilhas, dos quais 45% são single tracks – entre as diversas vegetações do local, como o cerrado nativo, pinheirais e eucaliptos -, passando por 4 pontes suspensas. Com percurso todo sinalizado, é possível baixar o tracklog das trilhas e/ou acompanhar pelo STRAVA. Incluindo as vias exclusivas para caminhantes, atualmente o local conta com um total de 117 quilômetros de trilhas de uso público e autoguiadas.
Juntamente com a construção da ponte na Bica da Lata e o início da reforma da ponte da Geladeira, em 2015, a Carcará Eventos promoveu o primeiro Desafio Flona de Mountain Bike. “O evento provocou um efeito de superação, de participação e expectativa para que viesse o próximo. E vieram. No ano passado tivemos cerca de 1300 ciclistas inscritos e o Desafio Flona se tornou o maior evento de MTB do DF e do seu entorno”, diz Manuel Tonhá, coordenador geral do grupo e organizador da competição.
Tonhá e sua turma estão atualmente em fase de manutenção para receberem a oitava edição do Desafio Flona, marcada para os dias 16 e 17 de setembro. São aguardados todos os tipos de participantes, de crianças a partir de 2 anos a atletas de elite, passando por ciclistas amadores, PCDs e os adeptos das bicicletas elétricas, já que suas trilhas dão acesso aos variados níveis de dificuldade.
Também está prevista para setembro a instalação de um contador eletrônico para quantificar a circulação de ciclistas pela Flona. Essa ação está sendo promovida pela Aliança Bike e visa incentivar cada vez mais o ciclismo por todo o país.
Maravilha!!! Esses guerreiros estão juntando consciência ecológica, ciclismo, caminhada e preservação. Parabéns à todos os envolvidos. Já treinei muito pra maratona nesse lugar, hoje só pedalo. Joaquim Cruz, foi campeão olímpico, e já treinou nesse lugar! Hoje é mais um paraíso preservado na capital.