Casal de brasileiros vai pedalar 7 mil km pela América Latina com seus três filhos
A Família Mendes parte de bicicleta neste 13 de junho para uma viagem de mais de 7 mil quilômetros pela América Latina. A ideia é pedalar do Peru até a Argentina em seis meses e chegar em Ushuaia no verão. Pelo caminho, deserto, neve, grandes altitudes, algumas das mais belas paisagens do planeta e a confirmação de que é possível – e muito legal – viajar de bicicleta com crianças.
José Leonardo, 38 anos, Priscila, 37 anos, Leonardo, 8 anos, e as gêmeas Malu e Maju, de 6 anos, já trazem na bagagem alguns bons quilômetros rodados juntos por estradas do Brasil. Na lista, os Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu (SC), Lagamar (SP), além de uma viagem de 45 dias e 1.500 quilômetros entre o Rio Grande do Sul e o Paraná.
“As primeiras cicloviagens das crianças foram a partir de um ano de idade. A bicicleta sempre fez parte da nossa vida e com a chegada dos filhos a prática só evoluiu”, conta o engenheiro ambiental José Leonardo. “Nossas melhores lembranças são desses dias.”
Esta viagem vai começar na porta de casa, em Morretes, no Paraná. Um pedal de sete quilômetros até a rodoviária local, de onde embarcam para Curitiba e, de lá, para São Paulo. Na capital paulista, os cinco entram em outro ônibus e vão percorrer um trecho da maior linha rodoviária do mundo, a que liga o Rio de Janeiro a Lima (Peru). Quatro dias depois, chegam em Cusco, onde devem ficar por 15 dias explorando a cidade histórica ao mesmo tempo em que fazem a aclimatação à altitude de 3.300 metros.
Os cinco vão partir com quatro bicicletas e um bike trailer. Na do pai vai engatado o trailer, que pode levar até dois filhos. As duas bicicletas menores, de aro 20, podem ser acopladas a da mãe, que nesse caso vira uma espécie de tandem. “O Léo vai pedalar sempre e, quando cansar, pode ser puxado pela Pri”, explica José Leonardo. “Acreditamos que até o fim da viagem, o trailer dê lugar a uma nova bicicleta, pois as crianças adoram pedalar e têm condicionamento para fazer alguns trechos.”
A bagagem quando se viaja com crianças tende a ser um pouco mais volumosa, mas no caso de uma cicloviagem é uma questão que precisa ser muito bem planejada, ainda mais uma família que gosta de acampar e cozinhar a própria comida. “Nossos alforjes comportam 300 litros no total”, explica ele. “As bicicletas das crianças também vão carregar alforjes de 15 litros, que foram feitos sob medida para elas.”
Cada viagem tem uma característica e dado o volume da bagagem e as dimensões das bicicletas, José Leonardo acredita que será mais que tudo uma expedição exploratória de cultura local, pessoas e cidades. “Apesar de já termos feito a trilha do Telégrafo [entre Guaraqueçaba (PR) e Cananeia (SP)] com essa configuração, vamos evitar trilhas estreitas e muito acidentadas”, diz ele. Além disso, as crianças também determinam ritmos até porque, segundo José Leonardo, o maior desafio de uma viagem dessas é manter a diversão dos pequenos. “Durante os percursos inventamos histórias, fazemos brincadeiras e vamos falando de tudo ao nosso redor.”
E a escola das crianças?
Esta pergunta foi ouvida pelo casal ao menos uma centena de vezes, assim como outros palpites elencando dificuldades e “perigos”. “Parece que no Brasil somos a primeira família a fazer uma viagem assim. Sentimos o fardo desse pioneirismo. Mas, a partir do momento que decidimos, parece que somos um trator de esteira superando todos os obstáculos. Isso vai abrindo janelas, portas, horizontes e até as nuvens se abrem no céu com as melhores soluções”, conta ele, citando o saco de dormir que mandaram fabricar especialmente para o tamanho das crianças.
Os irmãos Léo, Maju e Malu terão o apoio a distância de uma pedagoga e uma psicopedagoga para avaliar e orientar as crianças ao longo dos meses de viagem. “A gente sabe que esses seis meses trarão muito aprendizado para as crianças”, diz o pai. Além desse compromisso com as profissionais, José Leonardo também vai manter um olho no seu trabalho como consultor.
O planejamento específico para esta viagem começou em dezembro, mas o sonho dela vem desde 2020, mas foi interrompido pela pandemia. O roteiro está traçado de leve, pois a ideia é não ficar muito preso e aceitar as opções que a estrada vai oferecer. “Sabemos para onde queremos ir, mas temos toda a liberdade de mudar a rota!”
A viagem será toda documentada em vídeo e anotações, pois a ideia é depois transformá-la em um documentário e em um livro. Mas a família promete mostrar, como eles gostam de dizer, “a vida como ela é” por meio de postagens no instagram.
Para viajar com eles, siga: @familybike
Confira abaixo alguns registros inspiradores:
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