Circuito Velho Oeste é inaugurado em Santa Catarina
Circuito Velho Oeste / Foto: Rodolfo Espíndola/Agência AL
Santa Catarina acaba de ganhar mais uma rota de cicloturismo. É o Circuito Velho Oeste, um trajeto de 322 km que percorre 13 municípios, com partida e chegada em Cunha Porã. O nome do roteiro, cuja inauguração aconteceu no último sábado (20), foi escolhido em referência ao modo como os catarinenses se referem a esta região, que está no extremo oeste do estado, a 720 km de Florianópolis e a menos de 200 km da fronteira com a Argentina.
Os atrativos são muitos, como cachoeiras, belas paisagens de natureza e comida típica da zona rural, mas o Circuito do Velho Oeste tem um diferencial: o bem-estar. Ao longo do caminho o cicloturista irá encontrar dois hortos florestais, o Horto Medicinal Aroma Flor e o Sítio Verde Aroma, onde grupos de mulheres agricultoras cultivam e estudam plantas medicinais, um espaço com a oferta de tenda de suor, meditação. Além disso, a rota também passa pela cidade de Palmitos, onde as piscinas de águas termais atraem pessoas de todo o estado. Depois de um dia de pedalada, é possível relaxar e boiar feito picles nessa águas com poder curativo. Bom, hein?
E foi justamente este aspecto, o do bem estar, que deu origem a todo este projeto em 2017, quando a enfermeira e professora da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Kiciosan Galli fazia pesquisa de campo para o seu doutorado sobre essas agricultoras e viu ali uma oportunidade de criar um roteiro.
“Quando fui procurar o então Secretário de Saúde de Cunha Porã em busca de apoio ao projeto, ele, que é ciclista, me sugeriu de fazermos uma rota de cicloturismo abrangendo todos os municípios da IGR Vale das Águas. E, para completar, ele abriu a gaveta e já tinha o roteiro mapeado”, conta ela. “Começamos logo a trabalhar para engajar as prefeituras e os possíveis empreendedores. Na primeira reunião, dos 17 municípios convidados, apenas dois compareceram e dos 10 empreendedores, tivemos a presença de cinco.”
Ao longo desses anos, o trabalho com os agricultores foi extenso e contou com vários tipos de formação, desde a boa utilização das redes sociais à valorização do conceito de território, passando pelas melhores práticas de turismo. “Tivemos o cuidado de não criar grandes expectativas e sugerir grandes investimentos. Ao contrário, deixamos claro que o retorno é certo, porém lento”, explica ela.
Enquanto cuidavam desse engajamento, as visitas técnicas, o mapeamento da rota e a sinalização foram evoluindo junto. Os 322 km do percurso estão inteiramente sinalizados com setas amarelas e placas com informações gerais na entrada de cada um dos municípios.
Apesar de ainda não ter sido inaugurado, Kiciosan conta com alegria o caso de um empreendedor que tem um aviário e herdou uma casa de madeira tradicional, que foi transportada para o local e virou uma pousada museu, que oferece até a opção de dormir em um colchão de palha. “Em pouco mais de um ano, ele já tem 30% de seu rendimento oriundo do turismo.
A equipe de governança, que atualmente está sob a tutela da UDESC como um projeto de extensão universitária, não esconde a alegria de ver o projeto virar realidade, mas já estão de olho nas próximas prioridades: a criação de uma associação para gerir o circuito a partir de dezembro de 2024, quando acaba o convênio com a Universidade e fazer parte da Rede Trilhas de Longo Curso.
O Circuito
Além do bem estar e terapias integrativas, o circuito tem muitos outros atrativos capazes de agradar todos os estilos. Só para se ter uma ideia, o trajeto termina em uma cervejaria e, pelo caminho, há vinícolas, produtores de queijo, de cachaça, construções históricas, famílias agricultoras, além de muitas cachoeiras e cenários de natureza que enchem os olhos. E a boa comida da região, com destaque para o pão de flor (feito com flores comestíveis) e a cuca, ambos regados pelo onipresente chimarrão, que aliás é parte da logomarca do circuito.
“É um roteiro muito interessante e gostoso de pedalar porque tem subidas desafiadoras, momentos mais calmos e muitos cenários para se contemplar. A região do vale do Rio Uruguai é muito bonita e vale a pena ser vista”, diz Fábio Carminati, que é professor da Universidade Federal da Fronteira Sul, pesquisador de cicloturismo, cicloviajante experiente e participou do mapeamento da rota.
A recomendação é que o circuito seja feito em 7 dias, o que dá uma média de pouco mais de 45 km por dia. Assim, o viajante pode aproveitar com calma todas as delícias que o caminho oferece e no fim do dia tomar com calma um chimarrão.
Serviço
Partida/Chegada: Cunha Porã
Percurso total: 322 km
Altimetria acumulada: 7.717 metros
Entidade gestora: Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Informações: @circuitovelhooeste
Sou cicloturista e já fiz mais de 10 circuitos entre o RGS e o CE. Em Santa Catarina foram: Vale Europeu, Vale dos Encantos, Araucárias.
Gostaria de receber o roteiro deste novo circuito, se possível com as devidas altimetria por trecho diário recomendado e os respectivos pontos de apoio para pouso.
Obrigado.