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Cicloturismo em Santa Catarina: bons exemplos de governança

18 de julho de 2024

Foto: R2 Imagens

Santa Catarina é o berço do cicloturismo nacional. Foi lá que surgiu, em 2006,  a primeira rota turística desenhada especificamente para viagem de bicicleta, o Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu. Atualmente, o Estado possui 10 rotas consolidadas, ou seja, todas sinalizadas e contando com estrutura de hospedagem, alimentação e comunicação. As rotas envolvem 101 municípios do Estado, que é composto por 295 cidades. Não é à toa que Timbó, por exemplo, foi declarada no ano passado a Capital Nacional do Cicloturismo.

Um dos diferenciais da gestão das rotas de cicloturismo de Santa Catarina é o grande envolvimento do poder público nas gestões, seja por meio de Prefeituras, consórcios de municípios, Instâncias de Governança Regional (IGRs) e até universidades públicas. Ao contrário de outros Estados onde, em muitos casos, as rotas e caminhos são geridas por associações de ciclistas e comerciantes locais, muitas vezes contando apenas com a paixão dos participantes e nenhum apoio oficial.

“Nosso maior ponto de atenção aqui é a governança dessas rotas, pois este é um setor que precisa de muita organização. Mais desafiador do que criar um novo roteiro, é mantê-lo”, diz Adriana Nunes, bióloga do Instituto do Meio Ambiente e diretora regional da Rede Trilhas no Estado de Santa Catarina. “Talvez Santa Catarina seja o Estado mais preocupado em avançar com o cicloturismo, mas principalmente em manter suas rotas consolidadas. E isso a gente só consegue com o engajamento de diversos setores da sociedade e do poder público.”

Com o objetivo de melhorar a qualidade das gestões, trocar experiências, fazer capacitações e trabalhar em objetivos comuns, existe um Grupo de Trabalho formado por cerca de 30 pessoas, todas ligadas ao cicloturismo do estado e focadas em manter a atividade funcionando bem. “Estamos muito organizados e conseguimos realizar vários projetos dessa maneira”, conta Adriana, dando como exemplo a rapidez com que o GT conseguiu organizar, em menos de dez dias, a participação das rotas de cicloturismo de Santa Catarina no Salão de Turismo, em Brasília, em dezembro do ano passado.

Ainda, o Instituto Planett, através do Observatório do Cicloturismo, tem feito um trabalho minucioso e exemplar no levantamento de dados e informações sobre as rotas, bem como fomentando as melhores práticas de governança. O mapa disponível abaixo foi produzido por eles:

Fonte: Instituto Planett

Há também, segundo ela, dois eventos importantes para discutir e desenvolver a governança: o Simpósio Catarinense da Rede Trilhas, que aconteceu em maio, e a Conferência de Cicloturismo do Vale Europeu (Convale), que realizou no mês passado a sua terceira edição. Segundo ela, neste último, o Grupo de Trabalho conseguiu finalizar a redação do texto para regulamentar a política pública do cicloturismo no Estado. “Nosso objetivo é qualificar o turismo de natureza por meio do cicloturismo, ampliando as oportunidades dentro dos municípios e obedecendo o desenvolvimento territorial”, explica.

Vale ressaltar que o Circuito Costa Verde e Mar foi um dos contemplados pelo edital de Aperfeiçoamento de Rotas de Cicloturismo, uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) que contou com o apoio da Aliança Bike. Neste momento, o circuito está finalizando o projeto para refazer a sinalização e implantar melhorias no trajeto.

Para quem já ficou com vontade de pedalar por Santa Catarina, vale lembrar que além da boa governança, a região oferece diversão para todos os gostos com rotas de peregrinação religiosa, gastronômica, de bem estar, aventura, natureza, história… E, claro, todas em meio a lindíssimas paisagens.

A seguir, confira algumas informações sobre as 10 rotas consolidadas de cicloturismo do Estado de Santa Catarina:

1 – Circuito do Vale Europeu

Com 300 km de distância, o Circuito passa por 9 municípios com fortes marcas da cultura da colonização polonesa, alemã e italiana. Com início e fim em Timbó, percorre Pomerode, Indaial, Doutor Pedrinho, Rodeio, Apiúna, Ascurra, Benedito Novo e Rio dos Cedros. Pelo caminho, há muitas nascentes, belas paisagens, arquitetura com traços dos imigrantes, assim como ótima opções de alimentação.

Serviço

2 – Circuito das Araucárias

Ao longo dos 270 km de extensão, vales, montanhas, fauna e flora formam uma paisagem inesquecível. A natureza, com Mata Atlântica mesclada com belas Araucárias, se mostra presente também na grande concentração de nascentes e cachoeiras, como as da Rota das Cachoeiras, uma incrível sequência de 14 quedas em menos de 3 km. Some-se a isso, a culinária farta e saborosa, típica de Santa Catarina. O roteiro passa por quatro cidades do Planalto Norte Catarinense: Campo Alegre, Corupá, Rio Negrinho e São Bento do Sul.

Serviço

  • Partida: qualquer uma das quatro cidades
  • Percurso total: 270 km
  • Altimetria acumulada: cerca de 6 mil metros
  • Período recomendado: cinco dias
  • Entidades gestoras: Consórcio Intermunicipal Quiriri
  • Site: circuitodasaraucarias.com.br

3 – Vale dos Encantos

É um circuito com 500 km de extensão, que abrange sete municípios do Vale do Itapocu: Barra Velha, Corupá, Guaramirim, Jaraguá do Sul, Massaranduba, São João do Itaperiú e Schroeder. O roteiro é dividido em duas partes: Rota Serra e Rota Mar. A primeira é caracterizada pela passagem na área rural e pelas serras da região, acumulando grandes subidas, natureza diversificada, além de paisagens em meio a cachoeiras, montanhas e vales. Já a Rota Mar vai do litoral ao rural, abrange as encantadoras planícies litorâneas até chegar às estradas do interior.

Serviço – Rota Serra

  • Ponto de Partida/Chegada: Jaraguá do Sul
  • Percurso total: 248,90 km
  • Altimetria acumulada: 2.650 m
  • Período recomendado: cinco a sete dias
  • Entidade gestora: CIGAMVALI – Consórcio Intermunicipal de Gestão Pública Vale do Itapocu
  • Site: circuitovaledosencantos.com.br 

Serviço – Rota Mar

  • Partida: Barra Velha
  • Percurso total: 233,30 km
  • Altimetria acumulada: 2.198m
  • Período recomendado: quatro a seis dias
  • Entidade gestora: CIGAMVALI – Consórcio Intermunicipal de Gestão Pública Vale do Itapocu
  • Site: circuitovaledosencantos.com.br

4 – Rotas do Aguaí

O Rotas do Aguaí é o primeiro circuito catarinense elaborado no entorno de uma Unidade de Conservação, a Reserva Biológica Estadual do Aguaí, que tem 7.672 hectares de área e é a segunda maior do estado. Além desse contato próximo com a natureza e belas paisagens, o cicloturista também terá contato com a história da cultura e gastronomia italiana. A rota passa pelos municípios de Morro Grande, Nova Veneza, Siderópolis, Treviso e Bom Jardim da Serra.

Serviço

  • Ponto de Partida/Chegada: Nova Veneza
  • Percurso total: 166,5 km
  • Altimetria acumulada: 2.445 m
  • Período recomendado: cinco dias
  • Entidade gestora: Instituto Alouatta
  • Site: cicloturismorotasdoaguai.com.br

5 – Caminho do Louvor

O Caminho do Louvor une dois Santuários muito importantes em Santa Catarina: Nossa Senhora de Lourdes e do Louvor e de Santa Paulina. São 110km que atravessam montanhas, trilhas, bosques e comunidades acolhedoras. Além disso, pelo trajeto, muitas igrejas, grutas e lugares para reflexão e oração

Serviço

  • Partida/Chegada: Ituporanga/Nova Trento (as rotas podem ser percorridas nos dois sentidos, se realizadas indo e voltando resultam em 240 km)
  • Entidades gestoras: Associação Caminho do Louvor
  • Site: caminhodolouvor.org.br

Rota Lurdes

  • Percurso total: 110 km
  • Altimetria acumulada: 2.800 metros
  • Período recomendável: dois dias

Rota Paulina

  • Percurso total: 130 km
  • Altimetria acumulada: 2.500 metros
  • Período recomendável: dois a três dias

6 – Costa Verde e Mar

O roteiro de 270 km mescla trechos de litoral com o interior e oferece uma grande diversidade cultural e de paisagens. De colonização açoriana, a região do litoral guarda fortes traços culturais portugueses. No interior, a paisagem de agricultura e as casas de madeira dão o tom da viagem. São marcantes aqui outras influências culturais, notadamente a alemã e a italiana. O circuito passa por 10 municípios: Bombinhas, Porto Belo, Itapema, Balneário Camboriú, Itajaí, Navegantes, Penha, Piçarras, Ilhota e Camboriú.

Serviço

  • Partida: o circuito pode ser realizado a partir de qualquer município
  • Percurso total: 270 km
  • Altimetria acumulada: 1.881 m
  • Período recomendado: cinco dias
  • Entidade gestora: Consórcio Intermunicipal de Turismo Costa Verde & Mar
  • Site: costaverdemar.com.br/cicloturismo

7 – Vale Sagrado

Circuito ideal para ser feito em um fim de semana, pois o trajeto completo tem pouco mais de 68 km. Ele tem início e fim na Praça Getúlio Vargas, no centro de Nova Trento, e a maior parte do trajeto é por estradas de terra, com paisagens interioranas de grande beleza natural. Cachoeiras, casarões antigos, vinhedos e muitas capelas e igrejas são vistos por todo o caminho, que ainda passa pelos dois Santuários de Nova Trento: o da Santa Paulina e o de Nossa Senhora do Bom Socorro.

Serviço

  • Partida e Chegada: Nova Trento
  • Percurso total: 68,40  km
  • Altimetria acumulada:  1.345 m
  • Período recomendado: um a dois dias
  • Entidade gestora:  Vale Sagrado Cicloturismo
  • Site: valesagradocicloturismo.com.br

8 – Cicloturismo Dona Francisca

É formado por sete rotas que cruzam o litoral e o interior de Joinville e revelam uma diversidade de paisagens, incluindo cachoeiras, mata atlântica, casas típicas, jardins exuberantes e atrações urbanas como escolas e museus, além de oportunidades de compras. As rotas de cicloturismo oferecem flexibilidade em termos de terrenos, distâncias e dificuldades, atendendo a ciclistas de todos os níveis. São elas: Museus, Parque e Mirantes, Estrada Bonita, Quiriri, Piraí, Baía da Babitonga e Rio do Júlio.

Serviço

  • Partida e Chegada: Joinville (válido para as oitos rotas)
  • Período recomendado: um a dois dias, de acordo com o roteiro escolhido
  • Entidade gestora:  Cicloturismo Dona Francisca
  • Site:  https://cicloturismodonafrancisca.org/

Museus

  • Percurso total: 7,33  km
  • Altimetria acumulada:  22 m

Parques e Mirantes

  • Percurso total: 26,69  km
  • Altimetria acumulada:  220 m

Estrada Bonita

  • Percurso total: 71,31  km
  • Altimetria acumulada:  189 m

Quiriri

  • Percurso total: 101  km
  • Altimetria acumulada:  748 m

Piraí

  • Percurso total: 123,34 km
  • Altimetria acumulada: 1.004 m

Baía da Babitonga

  • Percurso total: 63,75  km
  • Altimetria acumulada: 333 m

Rio do Júlio

  • Percurso total: 110,42  km
  • Altimetria acumulada:  1.631 m

9 – Circuito Velho Oeste

Inaugurado em abril de 2024, é o circuito mais novo de Santa Catarina. O trajeto de 322 km percorre 13 municípios, com partida e chegada em Cunha Porã, são eles: Santa Terezinha Do Progresso, São Miguel da Boa Vista, Bom Jesus Do Oeste, Flor Do Sertão, Modelo, Maravilha, Cunha Porã, Iraceminha, Flor Do Sertão, Saudades, Cunhataí, Caibí, Ilha Redonda (Palmitos)

Os atrativos são muitos, como cachoeiras, belas paisagens de natureza e comida típica da zona rural e o Circuito do Velho Oeste tem um diferencial: o bem-estar. Ao longo do caminho o cicloturista irá encontrar dois hortos florestais, o Horto Medicinal Aroma Flor e o Sítio Verde Aroma, onde grupos de mulheres agricultoras cultivam e estudam plantas medicinais, um espaço com oferta de tenda de suor e meditação. Além disso, a rota também passa pela cidade de Palmitos, onde as piscinas de águas termais atraem pessoas de todo o estado.

Serviço

  • Partida/Chegada: Cunha Porã
  • Percurso total: 322 km
  • Altimetria acumulada: 7.717 metros
  • Período recomendado: uma semana
  • Entidade gestora: Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
  • Informações: @circuitovelhooeste

10 – Acolhida na Colônia

A principal característica deste circuito é o vínculo direto com o Agroturismo, valendo-se da estrutura já existente de pousadas, quartos coloniais, serviços de refeições e agroindústrias de pequeno porte, ao longo de caminhos bucólicos e recheados de atrativos naturais. Ao todo são 116 km distribuídos em cinco roteiros: Rio da Prata, Rio do Ouro, Cachoeira May, Rio Bravo, Conexão Anitápolis à Santa Rosa de Lima

Serviço

  • Partida/Chegada: Santa Rosa de Lima (Igreja Matriz) ou Anitápolis (Praça Central)
  • Percurso total: 166 km
  • Altimetria acumulada: 2.172 metros
  • Período recomendado: quatro dias
  • Entidade gestora: Associação Acolhida na Colônia
  • Informações: acolhida.com.br/cicloturismo

Rio da Prata

  • Percurso: 34 km
  • Altimetria acumulada: 350m

Rio do Ouro

  • Percurso: 27 km
  • Altimetria acumulada: 600 m

Cachoeira May

  • Percurso: 17 km
  • Altimetria acumulada: 390 m

Roteiro Rio Bravo

  • Percurso: 16 km
  • Altimetria: 300 m

Conexão Anitápolis à Santa Rosa de Lima

  • Percurso: 40 km
  • Altimetria: 532 m
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Adriana Marmo

Sou jornalista, formada em Comunicação Social com habilitação em jornalismo na PUC de Campinas, conclusão em 1989. Há oito anos troquei o carro pela bicicleta como meio de transporte e, desde então, sou ativista da causa e me especializei em mobilidade urbana

Entre na conversa Um comentário

  • Simone maria Barreto ferreira disse:

    Fiquei encantada com as diversas opções de passeio . Pode me enviar detalhes ? E qual o período melhor em termos de clima, temperatura …..

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