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“Foram dias incríveis para o Mountain Bike”

Chris Ball, VP da WBD Sports, elogia início da temporada da Copa do Mundo no Brasil e fala sobre o futuro das transmissões esportivas

14 de abril de 2025

Chris Ball é o vice-presidente de Eventos de Ciclismo da WBD Sports. A empresa gerencia pelo terceiro ano a Whoop UCI Mountain Bike Series. Além das provas de XCC e XCO, que tiveram suas duas primeiras etapas disputadas em Araxá nos últimos dias, a Warner também mantém o circuito mundial de Down Hill e Enduro.

CONFIRA COMO FOI A 2ª ETAPA

Em uma rápida e exclusiva conversa com a Aliança Bike, Ball fez um balanço do início da temporada no Brasil, falou sobre o futuro das transmissões esportivas e como as mudanças sugeridas no formato do circuito pretendem preservar a relevância do ídolo no esporte e valorizar a cultura do Mountain Bike.

Aliança Bike: A Copa do Mundo no Brasil está terminando. Eu gostaria de começar com os seus sentimentos sobre estas duas semanas.

Chris Ball: Duas semanas incríveis de Mountain Bike no Brasil. A primeira vez. Recordes que foram quebrados por Evie Richards no XCC (sete vitórias na categoria). Recordes com a maior quantidade de voltas em uma prova XCO Elite Masculina [foram 9 na 1º etapa e 10 na 2ª]. Nós tivemos algumas das melhores corridas que já vimos. Nós sempre entrevistamos os fãs depois de cada etapa para entender o que eles gostam e não gostam. E no último fim de semana em Araxá nós ganhamos nota 9,6 de 10. Isso é a nossa verdadeira medida de sucesso: o esporte. Incrível, incrível começo da temporada aqui.

Evie Richards dominou o XCC feminino e se tornou recordista na modalidade (©️ WHOOP UCI Mountain Bike World Series)

AB: Como você avalia as duas etapas no mesmo lugar e conectadas? Como isso funcionou?

CB: Foi brilhante. Eu não acho que você pode fazer isso em todo o mundo, mas você definitivamente pode fazer isso aqui em Araxá. É a combinação de uma belíssima pista, a logística é ótima, os corredores estão realmente relaxados entre os eventos e isso é realmente importante. Com eles bem descansados, nós temos uma boa corrida.

É um longo caminho para muita gente viajar até aqui. Então faz muito sentido para nós movermos todos esses equipamentos, todas essas pessoas e gastarmos um pouco mais tempo por aqui. É também uma boa oportunidade para as equipes e corredores se conectarem mais. Entre eles e com a comunidade local. Então foi uma experiência muito boa.

PODCAST: A VISÃO DO MERCADO NA COPA DO MUNDO DE MTB

AB: O que pode melhorar? Para a Warner, para o público, para os atletas?

CB: Essa é uma boa pergunta. Eu acho que nós trabalhamos no esporte, então você sempre olha para o melhor desempenho. Seja uma prova, um percurso ou um evento, você para e pensa como pode melhorar. Nós vamos levar muito daqui para a Europa e vamos fazer um bom processo de debriefing interno. Tanto na corrida, os aspectos do esporte, mas também o show e a programação. Vamos, depois, discutir isso com o Rogério [Bernardes] e o excelente time da CIMTB aqui.

Mas, só para enfatizar, nós ficamos muito satisfeitos. Os fatores realmente decisivos, a segurança, o médico, o desenho do curso, a construção, a comunidade, o engajamento, a participação de fãs. Isso foi muito, muito bom.

Jenny Rissveds, campeã olímpica, no técnico trecho das raízes (©️ WHOOP UCI Mountain Bike World Series)

AB: Falando sobre o futuro, sobre o formato televisivo, o produto MTB. Como conectar um formato que seja bom para quem está aqui, para os pilotos, para quem está em casa e nas redes sociais?

CB: É uma pergunta que nos fazemos sempre. É onde passamos mais tempo. Primeiro precisamos assumir que corrida seja boa. Ou seja, competitiva, segura, que os pilotos estão felizes com a corrida, é onde passamos todo o nosso tempo analisando.

No esporte, você tem que proteger as partes importantes do que faz o MTB ótimo. As provas de MTB são únicas e muito especiais, então você tem que proteger isso.

Porém, ao mesmo tempo, há muitas coisas que você pode fazer. E temos a capacidade de começar agora, no ano 3, para apresentar isso melhor aos fãs. Principalmente aqueles que não estão aqui para nos assistir. Nós estamos aqui para contar a história do piloto, a história do lugar, a história da corrida e dos times.

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Então, é como podemos mostrar isso mais no programa. A mudança no formato das equipes [reduzindo o tamanho do pelotão] fez com que possamos apresentar os times melhor. Isso valoriza as equipes. Faz os atletas terem uma melhor estrutura, e, você sabe, tudo se torna melhor desse ponto. Fortes times fazem fortes contratos, fortes relações e tudo se torna melhor.

Com essa estrutura muito mais limpa agora, nós conseguimos redesenvolver nossos gráficos de televisão, então é mais fácil para o fã. Nós temos o logo do time, a marca do time, a cor do time. Nós criamos números de carreira para os atletas, para que o fã entenda que a Yolanda Leff é o número 5 e ela será o número 5 até se retirar.

E isso faz com que toda essa iconografia, toda essa consistência que estamos trazendo, faça com que o esporte seja mais fácil de seguir. Tivemos que fazer algumas grandes mudanças nas regulações do esporte para chegar a este ponto, mas isso foi tudo muito estudado do ponto de vista do espetáculo.

AB: E mesmo assim trouxe polêmicas…

CB: Claro que há um debate grande sobre o pódio. E estamos tranquilos em falar sobre isso. Mas queremos falar sobre a apresentação do esporte para o público global. Há alguns anos, os atletas seriam apresentados por cerca de 2 minutos na largada.

Nós agora fazemos cerca de 10 a 15 minutos de apresentação de atletas, porque nós reestruturamos como os atletas estão se aquecendo para que eles sejam apresentados ao vivo, com as equipes, no grid.

Então você pode ver a emoção, o fã pode sentir isso. Notar o detalhe da jersey, da bike, e isso é valorizar os atletas diante das câmeras. E nós estamos olhando isso o tempo todo. Há muito que podemos fazer. Porém, já é palpável as mudanças que realizamos.

AB: No Brasil, temos o Henrique Avancini, um grande herói, um ídolo, e uma pessoa que melhorou o esporte. Nino Schurter também. Mas o suíço já fala em se aposentar. Como os ídolos são importantes para fazer o público e o espetáculo crescerem?  

CB: Isso é exatamente o que todas essas mudanças são projetadas para buscar. E, para ser honesto, elas parecem estranhas ao mundo do MTB, mas já são comuns no esporte global. Nós não estamos fazendo nada aqui que o tênis, o futebol e outros esportes já não estejam fazendo.

Parecem grandes mudanças, pois não houve tantas assim em 30 anos. E você está certo, e isso é o que eu estava dizendo. O time e o piloto, a história, eles são os heróis.

Eu quero seguir a Manchester United, eu quero seguir o Arsenal, eu quero seguir o Avancini, eu quero seguir o Yolanda, eu quero seguir o Koretzky. Mas isso significa colocar esses atletas e suas performances na frente do fã e conectar essa performance com a pessoa, com o humano, que é o que estamos desenhando.

O pódio com 3 ou 5 ciclistas foi marcado por invasão de Nino Schurter e acordo para a 2ª etapa

AB: Nós assistimos a série do Tour de France no Netflix [Unchained]. Vimos eles criando narrativas. Não é sobre a corrida real, mas uma narrativa em busca de audiência fora da bolha. Esse formato lhe agrada?

CB: Eu acho que a autenticidade é crucial. O esporte não vive sem a autenticidade. Você tem que ter isso em primeiro lugar, indiscutivelmente.

O que os programas de televisão fazem ou dizem no Tour de France, não se separa do fato de que o Tour de France tem mais de 100 anos. Consagrado como um dos esportes mais reconhecíveis e mais disputados do mundo. Você não pode mudar isso. Você nunca deveria tentar mudar isso.

E é isso que estamos fazendo aqui, na essência do mountain bike. Sim, é de mais de 30 anos, mas levaremos isso para a próxima Era. Protegendo o herói e fazendo ele mais engajado com o fã. E aí vamos com o outro conteúdo.

Mas primeiro você tem que se concentrar no esporte e na emoção da transmissão ao vivo. Tudo mais será consequência. Estamos no começo de uma longa jornada.

Chris Blevins venceu o XCC e o XCO na 2ª etapa (©️ WHOOP UCI Mountain Bike World Series)

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