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Tom Pidcock troca WorldTour por time da segunda divisão

Campeão olímpico deixa a INEOS e assina com a Q36.5 por três temporadas

Um dia depois de romper o contrato com a INEOS, o britânico Tom Pidcock anunciou sua nova casa até o final de 2027: a equipe suíça Q36.5. O bicampeão olímpico do MTB faz, assim, um downgrade de categoria trocando o World Tour por um time da segunda divisão do ciclismo mundial.

O movimento tem um certo tom de desespero. Pidcock quer retomar a confiança em uma equipe menor. Que por sua vez, não pode prometer muito suporte neste primeiro ano. O time Q36.5 é 25º no ranking mundial. Não tem convite garantido para os maiores eventos da temporada. Nem as Clássicas Monumento tampouco as Grandes Voltas, como Giro d’Italia e Tour de France.

Porém, o clima entre Pidcock e a INEOS já vinha azedando há alguns meses e o rompimento parecia inevitável. A tensão, inclusive, ficou clara na segunda temporada da série “No Coração do Pelotão”, na Netflix e o relacionamento se desgastou ao ponto dele ser retirado do time na última corrida do ano, a Il Lombardia.

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Pidcock tem um brilho inquestionável no MTB, onde é bicampeão olímpico

Dono de um dos maiores salários do pelotão (especulado em 3 milhões de euros/ano) o britânico não foi capaz de assumir o protagonismo que a equipe apostava. Em quatro temporadas, foram apenas cinco vitórias no ciclismo de Estrada. O equilíbrio entre os calendários de Estrada, MTB – onde ele de fato é uma grande estrela – e Ciclocross foi um dos maiores conflitos. Soma-se também a ambição do ciclista em disputar a classificação geral nas provas por etapas.

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Strade Bianche, Alpe d’Huez, Amstel Gold Race: poucas, mas marcantes vitórias no ciclismo de estrada

DESCOMANDO NA INEOS

A saída de Pidcock, por mais que seja vista como o rompimento com um ciclista problemático, reforça ainda mais a crise da equipe INEOS, que parece ser capaz de se reinventar depois do grande domínio nos anos 2010, quando venceu tudo, incluindo, sete edições do Tour de France.

O descomando da INEOS viu um novo capítulo recentemente, com a saída do diretor Steve Cummings, algoz de Pidcock. Ele vai para a australiana Jayco-Alula. O time anunciou outras mudanças no corpo técnico semanas atrás. Especula-se que o projeto nunca mais teve a mesma tenacidade desde que seu Diretor Geral Dave Brailsford migrou para o Manchester United. O clube de futebol britânico parece ser o novo xodó do bilionário Jim Ratcliffe, proprietário dos dois times.

Como parte da pré-temporada, os ciclistas visitaram os co-irmãos do futebol (Instagram/INEOS)

Há uma forte especulação de que outros nomes importantes da equipe também possam sair antes mesmo do final dos seus contratos, como o italiano Filippo Ganna e o colombiano Egan Bernal.

O pior é que a conclusão desse movimento todo é que todos saíram satisfeitos. A INEOS melhora o ambiente, Tom Pidcock recupera o centro das atenções e a Q36.5 ganha um novo status com a presença da estrela britânica. Agora, quem vai rir por último? Só o tempo pode dizer.

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Leandro Bittar

Leandro Bittar é jornalista e coordena o time de Comunicação da Aliança Bike

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