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Com base em pesquisa inédita, manifesto pede mais espaços públicos para a prática do ciclismo de estrada em São Paulo

Após pesquisa com mais de 3 mil ciclistas da Grande São Paulo, entidades e empresas propõem criação de espaços conhecidos como Áreas de Proteção ao Ciclismo de Competição

Uma pesquisa inédita, realizada com mais de 3 mil ciclistas de estrada da Grande São Paulo, revelou dados preocupantes. Mais de 60% das pessoas entrevistadas aponta a ausência de locais apropriados para realizar treinos como o principal problema enfrentado por elas. Com esta informação em mãos, um grupo formado por 5 entidades e dezenas de empresas se uniu para lançar um manifesto pedindo pela ampliação urgente de espaços públicos para a prática do ciclismo de estrada em São Paulo.

A Grande São Paulo é um dos polos brasileiros do ciclismo de estrada: apenas a margem leste da ciclovia do rio Pinheiros ultrapassa os 80 mil usuários por mês, segundo dados da concessionária responsável.

A realidade destas pessoas, porém, é conviver com a insegurança – a além da falta de lugares para treinar, os outros dois problemas mais citados na pesquisa são a falta de segurança pública (com 56,2%) e o desrespeito de motoristas (55,8%).

O manifesto foi proposto por Aliança Bike, Federação Paulista de Ciclismo, Federação Paulista de Triathlon, Bike É Legal e Bike Zona Sul, e pode ser lido clicando neste link.

Importante lembrar que, ao contrário de esportes como natação e futebol, o ciclismo de estrada não conta com espaços físicos adequados e exclusivos para a prática. Na Grande São Paulo, ciclistas compartilham as vias com automóveis, ônibus, motocicletas e caminhões.

“O exemplo da Ciclovia do Rio Pinheiros mostra bem nossa realidade: hoje são mais de 80 mil ciclistas pedalando ali todos os meses, um aumento de 400% em comparação a um ano atrás. Mas São Paulo segue praticamente expulsando os ciclistas em treino”, comenta João Paulo Diniz, multiempresário e ciclista de alto rendimento.

Os problemas são compartilhados por ciclistas profissionais. Bia Neres, um dos principais nomes do triathlon brasileiro, corrobora com o sentimento de Diniz. “O treino de ciclismo nos permite ter uma troca maior com outros atletas e o ambiente externo faz toda a diferença no nosso rendimento. Eu, por exemplo, nunca consegui fazer um treino de 80 km em São Paulo, dependo sempre de me deslocar para fora da cidade para alcançar essa quilometragem”, lamenta.

De acordo com Renata Falzoni, criadora do Bike É Legal e uma das coordenadoras da pesquisa e do manifesto ao lado de Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike, a urgência das ações é comprovada pela pesquisa realizada com ciclistas.

“Políticas públicas devem ser amparadas em dados, dessa forma esta pesquisa comprova mais uma vez que as demandas dos ciclistas que treinam a modalidade, além de legítimas, são importantes para o incentivo ao esporte, com reflexos positivos na saúde e na mobilidade”, explica ela.

Soluções propostas para o ciclismo de estrada

Mais do que pedir que o poder público ofereça espaços, o documento traz duas sugestões principais que podem auxiliar a resolver este problema:

– A abertura de equipamentos públicos ociosos, como o autódromo de Interlagos, em horários específicos para a prática da modalidade;

– A criação de APCCs (Áreas de Proteção ao Ciclismo de Proteção).

As APCCs são um modelo que já existe, com sucesso, em cidades como Rio de Janeiro-RJ e Salvador-BA. Funciona de maneira relativamente simples: o município define uma rua ou avenida que ficará livre de carros por um determinado período. No Rio de Janeiro, por exemplo, os horários são entre 4h e 5h30 em dias de semana e de 6h às 8h nos finais de semana. É recomendado o bloqueio de um trecho completo da via, ou pelo menos a segregação de faixas de rolamento.

Desta forma, elas funcionariam como uma garantia de segurança – além de servirem como um estímulo para treinamentos para pessoas em busca de bem estar e de uma vida mais saudável.

“APCCs são de importância fundamental para desenvolvimento e segurança do ciclismo em todos os seus aspectos. Se implementadas da forma necessária, com espaços segregados, organização, iluminação, sinalização, fechamento do trânsito e orientação sobre horários, criam um ambiente seguro para o treinamento esportivo ao mesmo tempo em que dão início a uma revolução em todo o cenário do ciclismo”, comenta Rychard Hryniewicz Junior, presidente da Federação Paulista de Triathlon

Pesquisa inédita com ciclistas de estrada

Entre mais de 3 mil praticantes de ciclismo de estrada da Grande São Paulo que responderam à pesquisa, alguns dados foram bastante significativos. Além dos já citados problemas, outras informações relevantes podem ser destacadas:

– Entre os  locais escolhidos para treino existe uma dispersão. A prinicipal concentração é a ciclovia do rio Pinheiros, com mais de 57% das respostas. Em seguida estão a Estrada dos Romeiros (SP-312) com 53%, a Estrada Velha Riacho Grande com 42% e a USP com 34%. Cerca de 32% das pessoas treinam exclusivamente em casa, certamente por conta da pandemia;

– Ciclistas acima dos 40 anos de idade representam pouco mais de 60% da amostra. A média de idade é 42 anos;

– 33% residem na Zona Sul da capital, 22% na Zona Oeste, 8% na Zona Leste e quase 6% na Zona Norte. Residentes em São Bernardo do Campo e Santo André somam, juntos, quase 9%;

– Quase 50% das pessoas respondeu que pratica ciclismo de estrada há no máximo 5 anos – 11,50% começaram a treinar há no máximo 1 ano;

– Sábado é o dia da semana mais utilizado para treinos, seguido de quinta e terça-feira;

– 64% das pessoas que praticam ciclismo de estrada treinam entre 6h e 7h. O pico do treino noturno está entre 20h e 22h, com apenas 18,38%;

– A maioria de quem pratica ciclismo de estrada treina solo (58,5%) ou com grupo de pessoas (49%). Cerca de 34% das pessoas treina com assessorias esportivas.

A pesquisa completa pode ser vista neste link.

Confira a íntegra do seminário de lançamento e o manifesto:

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Aliança Bike

Criada em 2003 e formalizada em 2009, a Aliança Bike tem como missão principal fortalecer a economia da bicicleta, além de trabalhar para que mais pessoas pedalem no Brasil. A entidade atua em diversas frentes de trabalho para atingir os objetivos. Conta com mais de 180 associados entre fabricantes, montadores, importadores, distribuidores e lojistas.