Impactos da crise do coronavírus para as lojas de bicicletas
Pesquisa revela os primeiros impactos da crise nas lojas de bicicletas e aponta queda de mais de 50% no faturamento e grande aumento na procura por serviços de manutenção e venda de rolos para treino
A Aliança Bike, Associação que reúne fabricantes, importadores, distribuidores e lojistas do setor de bicicleta, realizou uma pesquisa para entender o tamanho do impacto da pandemia no varejo deste setor. Ao todo 161 lojistas de 17 Estados do país responderam sobre o movimento em seus comércios no período que vai de 15 de março a 15 de abril.
Em decorrência do reconhecimento dos serviços de mecânica de bicicleta como essenciais, 86% dos estabelecimentos estão mantendo as oficinas funcionando. Pouco mais da metade dos respondentes (57,7%) sentiu aumento de demanda em algum produto ou serviço oferecido em sua loja.
Para as lojas que tiveram aumento na demanda de algum produto ou serviço, 24% delas se deu no serviço de revisão (mecânica) da bicicleta e 20% sentiu as vendas de bicicletas inteiras crescerem. Mas foram os rolos, um acessório que permite treinar com a própria bicicleta dentro de casa, o que mais surpreendeu o comércio nesse período: 250% foi o crescimento médio de vendas nas lojas pesquisadas.
A queda no faturamento também foi sentida pela maioria dos entrevistados, sendo que para a metade, a queda foi de 50% e para 1/3 das lojas, a queda foi de 70%. Somente 6% das lojas registraram aumento no faturamento no período.
Problemas com atraso por parte dos fornecedores foi o relato de 3/4 dos lojistas consultados e 1/3 das lojas tiveram problemas de cancelamento de prestadores de serviço. Já 70% dos lojistas respondentes tiveram problemas com cancelamentos de pedidos feitos por clientes.
Para enfrentar a crise, metade dos lojistas adotou férias compulsórias de uma parte dos funcionários ou redução da jornada de trabalho. O salário integral foi garantido por 3/4 dos lojistas e a demissão de parte dos funcionários ou todos eles, foi a medida tomada por apenas 30% dos respondentes. Ao contrário de outros setores, o home office não foi adotado por nenhum dos funcionários de 70% das lojas de bicicletas.
O tempo do isolamento foi usado por 76% dos lojistas para fazer investimentos na organização interna, como organização do estoque. Ao mesmo tempo, a maioria (78%) das lojas investiu na ampliação da presença nas redes sociais e também nos canais de vendas por e-commerce (73%).
Apesar da crise com a pandemia, as perspectivas para o futuro são otimistas, pois 77% dos entrevistados acreditam que a bicicleta, como meio de transporte, será a principal solução para o deslocamento das pessoas na cidade e, com isso, as vendas de bicicletas crescerão acima da média assim que o isolamento social terminar. Apesar do otimismo no eventual crescimento da demanda, para 73% dos lojistas o estabelecimento só retornará à normalidade, do ponto de vista financeiro, no ano que vem. E para 95% das lojas, a redução da carga tributária do setor de bicicletas como um todo é a medida mais urgente a ser adotada neste momento.
Perguntados sobre a avaliação que fazem das medidas de restrição ao comércio, elas foram aprovadas por 64% das lojas. Contudo, a imensa maioria dos lojistas (82%) acredita que o comércio já poderia voltar a funcionar. Para 94% dos lojistas foi correta a medida, adotada por muitos Estados, de considerar a mecânica de bicicletas um serviço essencial.